Depois da fúria privatizadora que já vinha desde os anos 90 e que se acelerou brutalmente desde o memorando da Troika, nos últimos três anos o governo alienou o capital de cerca de 14 empresas, entre elas setores tão estratégicos para a sobrevivência e soberania do país como a energia (EDP), as telecomunicações (PT), os correios (CTT), os aeroportos (ANA), e uma longa lista de etc.
A TAP é das poucas empresas que ainda se mantém 100% pública, mas que na reta final do mandato o governo volta a insistir em privatizar, usando de todos os meios para impedir a resistência dos trabalhadores.
A luta da TAP é uma luta justa
Lutar contra a privatização da TAP é lutar pelos cerca de 12000 postos de trabalho do Grupo e dos outros milhares gerados indiretamente seja no setor aeroportuário, seja no turismo, comércio e serviços, num país já totalmente assolado pelo desemprego e emigração.
É lutar pelo direito a não entregar uma empresa com décadas de historia, qualificada entre as melhores na sua área, que cumpre um papel fundamental na ligação interna no país e entre os cerca de 4 milhões de portugueses no exterior.
É lutar por uma empresa que é a maior exportadora nacional, que move não apenas com setor da aviação e aeronáutica, mas que é também fundamental para gerar receitas ao nível do turismo, comércio e serviços. Aquilo que o estado ganha com a venda da TAP, nunca será por isso comparável com o dinheiro que a TAP faz entrar no país.
É lutar pela nossa soberania. Pelo direito a mandarmos no nosso país e no nosso património e não sermos obrigados a entregar tudo, para sermos governados desde Berlim, Paris ou Londres. Se o governo pode financiar os buracos financeiros dos bancos e dar dinheiro a empresas estrangeiras privadas (como a Autoeuropa ou as operadoras áreas Low-cost), também tem de poder financiar a TAP, de quem é dono.
Por isso, a luta contra a privatização da TAP é não apenas justa, como necessária.
Uma maldade de Natal
Depois do autoritarismo da requisição civil, das ameaças e perseguições, o governo lançou o isco de um memorando sobre a “condições subjacentes ao funcionamento do Grupo de Trabalho, no âmbito da eventual reprivatização do Grupo TAP.”. Dos 12 sindicatos da plataforma dos trabalhadores da TAP, 9 aceitaram esta proposta vazia, como suficiente para desconvocar a greve.
Estes sindicatos voltam assim atrás no compromisso de manter a greve, enquanto não existisse uma suspensão do processo de privatização e, em troco de nada, entregam, nas costas dos trabalhadores que representam, o futuro dos seus postos de trabalho.
Três sindicatos (SNPVAC, SITAVA, SINTAC) que representam mais de 50% dos trabalhadores do grupo TAP não aceitaram o memorando do governo e mantêm a greve.
É preciso continuar
No momento que era necessária a mais ampla unidade para derrotar a política do governo de privatizar a TAP, o acordo destes sindicatos é uma batalha derrotada, mas não é uma guerra perdida. Apenas os que lutam até ao fim, podem ganhar.
Nem o governo representa hoje a vontade da maioria do povo português, nem estes sindicatos representam a vontade dos trabalhadores da TAP de manter os seus postos de trabalho e seus direitos e a TAP como empresa pública, ao serviço do país.
Não podemos ficar parados a ver o governo a entregar todo o nosso património. Com este governo não basta contestar judicialmente e dizer que temos razão! É preciso mostrar a nossa força. É preciso dar voz a todas as pessoas que se têm levantado em nome da TAP. É preciso trazer para a rua a luta contra a última grande privatização, a privatização de um dos maiores símbolos de Portugal, que é a TAP.
Por isso, é preciso unificar a luta dos trabalhadores e do povo português pela TAP. É preciso mobilizar aqueles que constroem dia a dia a TAP e junta-los a toda a sociedade civil. É preciso mostrar que os trabalhadores da TAP não estão sozinhos nesta luta. A luta pela TAP é de todos nós!
Maria Silva