Nos últimos meses, o movimento que tomou o nome “Juntos Podemos” começou a discutir a possibilidade de trilhar um caminho semelhante ao do novo partido espanhol Podemos. Agora, dia 14 de Dezembro, a Assembleia Cidadã “Juntos Podemos” decidiu começar a recolher assinaturas para possibilitar que o movimento se candidate às próximas legislativas.
O MAS está presente desde Julho neste movimento, ajudou a organizar a assembleia e apoiou esta proposta, apresentada por Nuno Ramos de Almeida e Joana Amaral Dias, dois dos organizadores do movimento.
Como se sabe, o MAS é um partido que tem como horizonte um novo 25 de Abril, uma nova revolução que substitua não apenas o regime político mas também a economia capitalista, por uma sociedade em que pertence “ao povo o que o povo produzir”. Ora isso vai muito além do que é proposto tanto pelo Podemos espanhol como, até agora, pelo movimento “Juntos Podemos”. Assim muitos activistas perguntam-se, legitimamente: porque que é que o MAS integra o “Juntos Podemos”, que poderá vir a ser um novo partido?
Hoje em Portugal há também um afastamento massivo da população empobrecida face aos partidos que passaram décadas no poder. Ao mesmo tempo, a esquerda tradicional já não capitaliza esse descontentamento, muitos vêem-na justamente como parte do sistema. As gigantescas manifestações que, junto com greves, assolaram Portugal em 2011 e 2012 foram a maior expressão desta ruptura que, necessariamente, também surgirá nas eleições…
Em Espanha o Podemos deu voz, em certa medida, à ruptura de consciências que se expressou nas mobilizações dos “indignados”. Ainda que eleitoralmente, o Podemos alenta o divórcio de milhões com os partidos centrais do regime ao recusar-se a fazer alianças com PSOE e PP. É nisto que o Podemos se assemelha ao Syriza grego.
Já em Portugal, na ausência de um partido assim, esse espaço é, cada vez mais, ocupado por Marinho e Pinto e pelo LIVRE. Estes partidos são um retrocesso, porque em vez de romper tanto com a direita como com o PS, abrem-se a alianças com este último. Assim ajudam o PS a lavar a sua cara após anos a afundar o país, salvaguardando o bipartidarismo e o regime. Não podemos excluir que, a montante, este espaço venha a permitir o crescimento da extrema-direita, como em França.
O MAS está, como sempre, disposto a convergir na tarefa de romper com a alternância ao centro, abrindo a perspectiva de um governo que represente os trabalhadores e o povo, alentando a mobilização popular. Por isso defendemos, durante anos, que PCP e Bloco de Esquerda convergissem neste sentido. Não é de agora a nossa denúncia da corrupção, a defesa da suspensão do pagamento da dívida tal como a necessidade da mobilização popular, levantadas pelo Juntos Podemos. Por isso, naturalmente, colocamos as nossas forças ao serviço desta experiência política, reservando a nossa autonomia e direito a opinião, como todos os activistas num movimento desta natureza. Quem já esteve ao nosso lado em lutas anteriores, mesmo com diferenças de opinião, sabe que pode contar com o MAS nas grandes batalhas colectivas. Também será assim agora: Juntos Podemos!