No passado dia 1 de Novembro, Sábado, foi o dia de Acção Global em Solidariedade com os habitantes de Kobanê, Síria, que estão cercados e sob ameaça de massacre por grupos do ISIS (Estado Islâmico) desde o início de Setembro. Já milhares de pessoas fugiram da cidade e estão refugiados na Turquia, sem grandes apoios de qualquer Governo.
Nesse sentido, realizou-se no Rossio, em Lisboa, uma concentração que contou com a presença de activistas de várias nacionalidades (entre elas: curdos). O povo curdo tem sido um dos que mais sofre às mãos do ISIS.
O Movimento Alternativa Socialista (MAS) apoiou e esteve presente na acção, na qual teve a oportunidade de entrevistar Kader Ipek, mulher curda, residente em Lisboa há 10 anos.
MAS: O que a traz à manifestação?
Kader Ipek: Muitas coisas. O povo curdo está sob uma tortura enorme: são mortas crianças e violam mulheres em todo o lado. Não só em Kobanê, no Curdistão sírio, mas também do Curdistão do Iraque. Quem governa a Turquia é cada vez mais fascista e trata os curdos cada vez pior. Há 20 dias atrás, os curdos e outros povos democráticos manifestaram-se na Turquia e o governo matou 40 jovens, alguns com 15 anos. No Curdistão estão a matar e a torturar os curdos, incluindo as crianças. Mesmo que não fosse curda ficava contra o tratamento que lhes está a ser dado pela Turquia e pelo ISIS no Iraque e na Síria.
MAS: Quem é que está a cometer essas atrocidades? O ISIS?
KI: Sim.
MAS: O que representa para si o ISIS?
KI: Essa organização não significa nada. Tem apenas interesses económicos. O ISIS atacou primeiro uma cidade curda no Sul com muito petróleo e um banco. Entraram lá e tiraram o petróleo e o dinheiro. Fazem as coisas por dinheiro, não têm nada de religião. Religião e Islamismo são diferentes. Erdogan, Presidente da Turquia, é conivente com o Estado Islâmico. Permite que este passe as fronteiras, e que se abram postos de abastecimento militar para entrega de armas ao ISIS. Ambos têm a mesma ideologia.
MAS: O que acha da posição dos Estados Unidos e dos europeus face à situação?
KI: Esses países estão na NATO. A Turquia também. Deviam obrigar a Turquia a parar de apoiar o ISIS através de sanções (multas).
MAS: O que é preciso fazer para apoiar a resistência?
KI: Os resistentes em Kobanê precisam de armas pesadas. Têm muitos guerrilheiros, até vindos de fora da cidade, mas o ISIS tem armas pesadas, coisas que os curdos não têm. Os curdos só têm coragem. Se tivessem armas pesadas venciam o ISIS. Se o Estado Islâmico não for detido, pode atacar qualquer país. Bem sabemos o que aconteceu no 11 de Setembro.
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Fotografias por Gonçalo Gomes
Reportagem por Diogo Trindade e João Valdemar
