Metro de Lisboa

Em greve pelo trabalho deles, e pelo Metro de todos!

Hoje, os trabalhadores do Metro de Lisboa estão em greve durante 24 horas. Desde o início da “era Troika” em 2011, os trabalhadores têm vindo a sofrer sucessivos cortes, e o serviço a piorar cada vez mais.

Este mês o Governo vai fazer aprovar novos cortes dos salários e será lançado o concurso para a concessão da empresa assim como da Carris. Em 2013, António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que tão entretido anda agora na campanha das primárias “canibais” dentro do PS, disse que poderia até recorrer aos Tribunais para evitar estas privatizações, mas o mais provável é que a Câmara Municipal não disponha do dinheiro necessário à gestão do Metro, que para ser sustentável tem que continuar a ser do Estado.

Inaugurado em 1959, o Metro de Lisboa era concessionado durante o antigo regime, mas foi nacionalizado em 1975. Desde o início da “era Troika” em 2011, os trabalhadores têm vindo a sofrer sucessivos cortes, e o serviço a piorar cada vez mais. O MAS esteve no seu piquete esta noite e conversou com José Manuel, maquinista, um das dezenas de trabalhadores e trabalhadoras que se concentravam à porta da sede da empresa.

MAS: Porque é que estão a fazer greve?
José Manuel:
Esta greve é por alguns motivos “velhos”, e também por motivos novos. Estamos a lutar pelas nossas condições de trabalho e pelo futuro dos transportes públicos em Portugal. Além da degradação das condições do pessoal actual, existem também hoje menos trabalhadores, e mais trabalho. É claro que assim o serviço é pior.

MAS: O Estado vai oficializar a abertura do concurso para a concessão do Metro e da Carris. Acha que a ”municipalização” dos serviços pela CML pode ser solução?
JM:
O Metro sempre foi público, desde a revolução, e é assim que deve continuar. Só que isto a Câmara agora… é complicado.

MAS: Outras prioridades?
JM:
Pois, talvez! Nós vamos esperar para ver. Ou do Seguro, ou do António Costa, queremos ouvir o que eles ainda não disseram, que é se o Metro vai continuar público.

MAS: Acha que há hoje mais compreensão pela parte da população?
JM:
Acho que estão a começar a perceber que mais ninguém vai lutar pelo Metro; só nós, os próprios trabalhadores. Só com a nossa ajuda, é que o Metro não vai ser privatizado. Então a dívida (do Metro) fica pública, mas a empresa é concessionada? As pessoas vêm que há menos comboios, e se não há maquinistas, é inevitável. Nós queremos é mais gente a trabalhar connosco, queremos prestar um bom serviço.

MAS: Durante a recente greve de um dos maiores metros do mundo, o de São Paulo, no Brasil, que durou 5 dias, os trabalhadores tentaram fazer com que o metro funcionasse gratuitamente. Ou seja, “abrir as portas”. Acha que há condições para fazer o mesmo em Lisboa?
JM:
Sim, ouvi falar. Mas acho que não há condições. Não somos nós que controlamos as cancelas. Mas podia haver era compensações aos utilizadores pelos dias de greve! Não somos nós que ficamos com o dinheiro, é a empresa. Nós perdemos é um dia de salário. Se nas greves os comboios não andam, e há 1000 trabalhadores que não recebem, a empresa arrecada o dinheiro dos passes já comprados! Somos a favor sim que paguem aquilo que arrecadam em dias de greve aos utilizadores no mês seguinte, por exemplo. O que eu sei é que há mais de 100 metros no mundo, e só 3 é que são privados! Porque será? Nós caminhamos para ser o 4º!

A falta de contratação de novos trabalhadores e a falta de investimento têm levado a um metro menos abrangente, e menos seguro. É mais um capítulo do desmantelamento das empresas públicas em Portugal, a que estamos condenados no Memorando da Troika. A luta dos trabalhadores deste serviço público, como muitos outros, está longe de ser um acto egoísta. Se amanhã alguns de nós vão chegar atrasados ou faltar ao trabalho e não receber, TODOS os trabalhadores do Metro em greve, que não vão trabalhar amanhã, não vão receber um cêntimo.  Tem que haver um maior esforço da parte dos sindicatos para que o interesse comum a todos desta luta seja transmitido à população. Nós do MAS estamos solidários com a luta dos trabalhadores do Metro.

CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DO METRO E DA CARRIS!

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