Os estivadores portugueses do Porto de Lisboa estão a realizar uma jornada de luta e greves para tentar travar o processo de liberalização dos portos nacionais, bem como os ataques aos direitos dos trabalhadores e a precariedade/exploração laboral.
Os estivadores portugueses têm recebido ao longo dos últimos dias a solidariedade e o apoio dos colegas europeus, que têm reforçado a sua luta e produzido resultados concretos, o que mostra que a resposta ao desemprego, à precariedade, à austeridade, à exploração e aos problemas económicos e sociais que afligem todos os trabalhadores tem que ser a nível internacional.
Os estivadores estão a protestar contra os despedimentos indiscriminados (só em 2013 foram despedidos 47 trabalhadores) e contra a contratação de novos trabalhadores com condições precárias, através do novo operador Porlis, cujas empresas de atuação neste setor pertencem maioritariamente ao grupo Mota-Engil.
Para tentar travar o avanço destas medidas que, segundo António Mariano, presidente do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal, visam “introduzir uma nova empresa com o objetivo de provocar a insolvência da atual”, os estivadores decidiram, num plenário de trabalhadores, entrar em greve e prolongar a mesma entre os dias 27 de janeiro e 24 de fevereiro.
Estivadores da Europa apoiam colegas portugueses
Para apoiar a luta dos colegas portugueses, estivadores dos portos de vários países europeus (Dinamarca, Suécia, Espanha e França) paralisaram também, no âmbito da “Jornada Europeia de Luta Contra a Liberalização dos Portos Portugueses”, na passada terça-feira, 4 de fevereiro, durante duas horas, em solidariedade.
Em Portugal, também pararam, nesse mesmo dia, os estivadores dos portos de Setúbal e Figueira da Foz. Os estivadores europeus afirmam: “Não aceitamos nem despedimentos fraudulentos, nem contratos precários!”; e apontam uma alternativa de luta conjunta e mais forte: “Estivadores de toda a Europa unidos contra a precariedade!
As paralisações foram realizadas por apelo de duas federações sindicais internacionais, a IDC (Conselho Internacional de Estivadores, no qual está filiado o Sindicato dos Estivadores português) e a ETF (Federação Europeia dos Trabalhadores dos Transportes, que acolhem todos os sindicatos dos vários tipos de trabalhadores portuários).
“O alargamento das fronteiras da nossa luta é uma resposta cabal à tentativa de isolarem a luta dos Estivadores de Lisboa que, como se sabe, enfrentam um conjunto de medidas que está a ser programada para aplicar em Portugal e exportar para toda a Europa. Se o que nos oferecem é a globalização da austeridade, dos despedimentos fraudulentos e da precarização do trabalho portuário, nós ripostamos com as lutas e a solidariedade internacionalistas”, afirmou publicamente António Mariano, que vê a solidariedade internacional entre os trabalhadores como um elemento fundamental que reforça a luta dos trabalhadores portugueses e pode efetivamente levar a vitórias.
Solidariedade internacional permite denunciar irregularidades e práticas laborais de exploração
Esse apoio internacional já produziu inclusivamente resultados concretos, que permitiram a troca de informações sobre manobras e práticas laborais de exploração realizadas pela empresa Liscont (pertencente ao grupo Mota-Engil), durante a semana de greve dos estivadores decretada de 27 de janeiro a 3 de fevereiro, para operar o navio “Samaria”, propriedade da empresa Unifeeder, com sede na Dinamarca.
O objetivo da Liscont foi contornar a greve dos trabalhadores portugueses naquele período e substituir os estivadores profissionais por trabalhadores precários para continuar a operar a qualquer custo, atropelando e desrespeitando os direitos laborais. A Unifeeder foi entretanto informada sobre esta situação irregular e demarcou-se das práticas levadas a cabo pela Liscont, criticando as mesmas.
A luta internacional dos estivadores é um exemplo concreto de como a solidariedade e a união entre os trabalhadores de todos os países são fundamentais para conseguir vitórias e lutar de forma mais eficaz contra a exploração, a austeridade e a precariedade impostas pelo sistema capitalista.
O MAS está solidário com a luta de todos os estivadores!
Contra a liberalização dos portos portugueses!
Contra a precariedade, a exploração e a austeridade!
Pela luta internacional dos trabalhadores!
Maria Castro