Desde a grande manifestação/revolta de 15 de setembro de 2012 o governo Passos/Portas está ferido de morte, mas continua ligado à máquina. Com o apoio da troika e do Cavaco e o beneplácito do Parlamento, continua a sua governação de destruição das vidas de quem trabalha, do roubo descarado aos salários e, agora, novamente às pensões dos que tiveram uma vida de trabalho (e descontos) para que na velhice pudessem ter alguma dignidade e descanso.
A oposição parlamentar do PS fica-se mesmo por aí, pelo Parlamento, e parece não se importar muito que o governo continue esta destruição, pois agora admite aceitar que fique até ao fim do mandato, a desgastar-se eleitoralmente para ver se o PS pode ganhar mais uns votos à custa desta miserável situação e do ódio do povo a este governo PSD/CDS.
Entretanto continua o regabofe, com a austeridade a diminuir os salários e pensões dos trabalhadores e a cortar nos nossos direitos. Enquanto os administradores de empresas privadas ou públicas estão a ganhar 1 milhão de euros (ou mais) todos os anos, a maioria dos trabalhadores com novos contratos precários ficam a ganhar 300 a 400 euros mensais, menos do que o salário mínimo, o que dá 5000 euros por ano, ou seja, 200 vezes menos do que esses administradores de empresas. Este é um escândalo que continua a ser incentivado por estes governantes e por esta União Europeia feita para beneficiar os de cima e para castigar com cortes salariais, impostos e vida cada vez mais cara os de baixo, o povo trabalhador.
A política criminosa deste governo só pode ser parada pela revolta da rua, a exemplo de como, em 15 de Setembro, foi derrotada a TSU que queria tirar aos trabalhadores para dar diretamente aos patrões. Ou, como derrotamos a política do anterior governo Sócrates com as manifs do 12 de Março de 2011, da geração à rasca.
Mas para isso temos de poder voltar a realizar grandes ações de expressão da genuína vontade popular, de manifestações que tomem a rua e permitam a livre expressão sem o apertado controlo das organizações partidárias ou sindicais que protestam com controlo de calendário, com horário de chegada e de partida. A mobilização de rua consegue vitórias quando é contínua até alcançar o que reivindica, como se viu recentemente no Brasil.
Infelizmente, aqueles que têm dirigido os movimentos que levaram ao 12 de Março ou ao 15 de Setembro optaram por outra postura que interrompeu o desejo de continuidade às mobilizações, então demonstrado pela população, optando por canalizar o descontentamento para eventos eleitorais ou ações sindicais tardias.
O que hoje necessitamos é de um novo reagrupar da vontade popular para acabar com este governo, com este orçamento de austeridade, com esta submissão ao pagamento de uma dívida feita para beneficiar os patrões e políticos do regime. O que hoje precisamos é de uma nova revolta como foi o 15 de Setembro.
É nesse sentido que o MAS participa nas contestações e manifestações contra a política do governo e da troika. É neste sentido que participamos na manifestação convocada pela CGTP para 19 de Outubro e apelamos a uma grande manifestação a 26 de Outubro tentando que esta contribua para devolver a palavra e o protagonismo da contestação à mobilização popular.
Editorial Jornal Ruptura nº132, Outubro 2013