O responsável pela crise no ensino é o governo! Todo o apoio à luta dos professores!

Graças à capacidade de auto-organização dos professores, a greve às avaliações está a ser muito positiva. Na maior parte das escolas do país não se têm realizado quaisquer reuniões de avaliação. Segue-se uma manifestação nacional em Lisboa no dia 15, sábado, e um dia de greve geral na 2ª feira 17, que coincide com o exame nacional de Português.

Por que lutam os professores?

Lutam contra o aumento do horário de trabalho, porque dele resultará uma sobrecarga de trabalho para eles e um óbvio prejuízo para a qualidade de aprendizagem dos alunos. Resultarão também menos horários por escola, o que vai gerar mais despedimentos numa classe já muitíssimo castigada pelo desemprego. Recordemos que em setembro de 2012 ficaram 15 000 docentes sem colocação, em consequência das medidas puramente economicistas decretadas pelo ministro Crato!

Lutam também contra a chamada mobilidade especial, a ser aplicada a todos os trabalhadores da Administração Pública (AP). A classe docente já é das mais “móveis” do país, com milhares de colegas contratados e Quadros de Zona Pedagógica (QZPs) a terem que se deslocar todos os anos para longe da sua residência e família, ou a serem postos diretamente na rua mesmo após muitos anos de ensino. Este governo ainda lhes quer impor mais mobilidade/despedimentos!

Em suma, os professores fazem greve contra aquilo por que luta não só a maioria dos trabalhadores da AP como do povo trabalhador do país: contra o desemprego, contra o aumento do horário de trabalho, contra a perda de direitos. O MAS não pode deixar de apoiar incondicionalmente esta luta, e os seus militantes tudo farão para que seja mais um patamar na luta global do povo português contra este governo, a troika e o seu famigerado memorando.

Uma campanha mediática contra os professores

Tudo indica que esta luta será dura, pois temos pela frente um governo que não hesita em ignorar estatutos, direitos adquiridos e até a Constituição, para salvar a classe dominante e levar à miséria o povo trabalhador. Daí que esteja em curso toda uma campanha política para colocar a opinião pública – em particular pais e alunos – contra os professores.

Em declarações de puro cinismo, Nuno Crato, Passos Coelho e até Cavaco Silva têm vindo a público invocar “os interesses dos alunos”, dizendo que esta greve os prejudica. É caso para perguntar: o que prejudica mais os alunos – professores sobrecarregados e esgotados com mais horas de trabalho e tarefas não-pedagógicas, ou a greve às avaliações? O aumento do número de alunos/ turma que este mesmo governo decretou em 2012, ou a greve às avaliações? Os desumanos mega-agrupamentos praticamente impostos em todo o país pelo Ministério da Educação, os currículos desqualificantes da “revisão curricular à Crato”, as reduções nos apoios sociais aos alunos que o seu governo legislou – ou a greve às avaliações??

O MAS não reconhece a este governo qualquer legitimidade para falar em nome dos interesses dos estudantes!

Aprofundar a organização de base e dar continuidade à luta

Se, apesar desta campanha perniciosa, a greve às avaliações está a registar sucesso, tal se deve ao facto de os docentes se terem mobilizado autonomamente nas suas escolas, organizando eles próprios a rotatividade das faltas aos conselhos de turma e, nalguns casos, até fundos de greve (algo que os sindicatos se recusam a fazer).

Apoiando-se nesta capacidade de auto-organização, as direções sindicais deviam procurar unir as comissões de base que, na prática, se estão a formar, consultá-las quanto à continuidade da luta, pôr de pé plenários descentralizados para professores sindicalizados e não sindicalizados, respeitar as decisões tomadas nestas assembleias. Este é o sindicalismo democrático que o MAS defende, e por isso os seus militantes empenhar-se-ão no crescimento da organização de base nas escolas e na sua unificação a nível local e/ou nacional, como melhor garantia para a vitória das reivindicações dos professores.

Todos à manifestação de dia 15, todos na greve do dia 17!

 O MAS apela também a que a classe docente faça uma demonstração de unidade e combatividade no próximo sábado, dia 15, na manifestação convocada pelos sindicatos (às 15h, com partida do Marquês de Pombal). Esta manifestação deve ser também uma forma de preparar a greve do dia 17. O ministro Crato bem queria ver decretados “serviços mínimos” para este dia de greve nacional… Mas, visto que o colégio arbitral chamado a pronunciar-se decidiu em sentido contrário, Nuno Crato – numa atitude prepotente, senão mesmo ditatorial, que é cada vez mais uma característica deste governo – está a dar orientações às direções das escolas para que “convoquem todos os professores” a estarem presentes nas escolas nesse dia, a fim de supostamente assegurarem a realização do exame de Português.

Esta medida não é mais do que uma tentativa de intimidar a classe! O MAS apela a que os docentes mantenham a sua disposição de fazer greve, e se necessário se organizem em piquetes à porta das escolas, para ajudar os colegas mais hesitantes ou receosos. Os professores podem e devem fazer greve, mesmo sendo todos convocados pela direção da escola. E também podem e devem aproveitar o facto de estarem lá todos, não para vigiar o exame, mas para realizarem reuniões e tomarem decisões para a continuidade da luta.

Ana Paula Amaral, com colaboração de Eduardo Henriques (professores)

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