Na última quinzena de fevereiro os movimentos sociais mostraram como o governo já perdeu a maioria dos sectores que antes eram a sua base de apoio. Por todo o país, os diversos ministros são confrontados por grupos de manifestantes aquando das suas aparições públicas e, se exceptuarmos a segurança policial, já não têm quem os defenda.
As imagens televisivas do episódio do ministro Relvas em fuga desesperada pelos corredores do ISCTE (Lisboa), após um grupo de estudantes se ter manifestado contra o seu discurso em sessão organizada pela TVI, são um bom exemplo da situação que hoje obriga o governo e o presidente a esconderem-se.
A maior austeridade que neste início de 2013 se está a abater sobre os trabalhadores e o povo, o cada vez maior número de desempregados e pobres, a situação económica que se agrava todos os dias causam um cada vez maior repúdio e raiva contra o governo, e contra a sua política. Continua a fazer falta que esse repúdio e raiva se transformem em acção. As grandes manifestações que se têm realizado, incluindo a deste 2 de Março, podem ser um arranque de um processo de luta mais intenso e necessário para terminar com este governo PSD/CDS, com a política e ocupação da troika e com a venda do país ao estrangeiro.
A entrega do dinheiro público para pagar uma dívida que não é nossa, e que só em juros vai roubar ao salário (anual) dos trabalhadores portugueses uma média de 1000 € (já em 2013 e também em 2014), coloca a necessidade imediata de suspender o pagamento da dívida e dos seus juros agiotas, efectuando uma auditoria independente.
Esta dívida foi construída em benefício dos bancos e das grandes multinacionais (transportes, telecomunicações, armamento, construção e distribuição comercial), é uma dívida que inclui as milionárias verbas que foram canalizadas pela corrupção e pelos compadrios do regime “democrático”, é uma dívida que foi engrossando também para pagar os privilégios dos políticos (governos, parlamentos, presidentes e vereadores de câmaras, administrações de empresas públicas, etc.) e os favores entre políticos/banqueiros/empresas que depois colocam antigos ministros nas administrações das multinacionais (Ferreira do Amaral, Jorge Coelho, Mira Amaral, Pina Moura, e muitos outros).
O endividamento do país foi e é uma política desta União Europeia que só favorece o capital e a fúria de tornar “privados” todos os sectores que podem ser lucrativos e que são (ou foram) bens públicos e uma possibilidade de sustentação do chamado “estado social”. Nesta situação de crise económica, à agressão dos governantes da UE, de Merkel e dos seus capatazes no governo Passos/Portas para destruir todas as conquistas sociais, a Segurança Social e as pensões de reforma, o SNS e a Escola Pública, devemos responder com a exigência de devolução ao sector público de todos os sectores estratégicos da economia (banca, energia, transportes, telecomunicações) bem como a extinção das PPP’s que nos sugam o dinheiro.
Recuperando o dinheiro agora a ser roubado pela “dívida” e pelas PPP’s, poderia responder-se às situações de emergência social (desemprego, pobreza, reformados e pensões mínimas), investir-se na criação de empregos e empresas públicas no sector produtivo, pescas e agricultura, poderia reforçar-se os serviços públicos de saúde e ensino, encontrando assim uma saída em prol dos trabalhadores e do povo. Para que estas medidas sejam possíveis é necessário intensificar a luta popular e construir uma alternativa que aplique este programa que enfrente a UE e a troika. Este é o caminho necessário, e o Movimento Alternativa Socialista – MAS apela aos activistas dos movimentos sociais e sindicais para que juntemos força nesta luta.
Editorial Ruptura nº128, Marco 2013