Todos ao 2 de Março para mandar embora o governo e a troika!

Há uma certa eletricidade no ar. Aquele nervosismo que precede os grandes acontecimentos; aquela raiva contida que procura onde escoar…Vemos (e sentimos) isso quando cantamos a “Grândola, Vila Morena” na Assembleia da República, interrompendo o discurso de Passos Coelho. Nas esperas, igualmente cantadas, a Miguel Relvas, Paulo Macedo, Vítor Gaspar, Franquelim Alves e qualquer ministro desse governo. Do Algarve ao Porto, em cada canto do país, ninguém mais os deixa em paz. É uma forma criativa de protestar contra o governo e vincular esse protesto ao 25 de Abril.

Há, de facto, algo no ar, quando os ferroviários em greve contra a extinção de postos de trabalho e outros ataques aos seus direitos vão mais além e ocupam as estações no Porto, em Coimbra, no Entroncamento e no Barreiro, para obrigar os comboios a parar, num movimento que reuniu centenas de trabalhadores. Quando recebemos os nossos salários e reformas agora em fevereiro e percebemos a dimensão do roubo que estão a praticar. Ou quando milhares de pessoas estão a dar o número de identificação fiscal de Passos Coelho, divulgado por sms ou mails, em protesto contra a nova legislação que penaliza com multa de até 2000 mil euros os consumidores que não pedirem faturas.

Sentimos isso quando as previsões dos nossos governantes e dos que mandam neles, o donos da União Europeia e do euro, dizem que tudo vai piorar. A recessão será este ano superior à prevista (-1,9% em vez de -1%), assim como o desemprego (que passa dos atuais 16,9% para 17,5%), de acordo com a Comissão Europeia. A dívida pública, por sua vez, não para de aumentar, tendo atingido os 122,5% do PIB. Mesmo do ponto de vista das metas acertadas entre o governo e a troika o que se vê é um grande fiasco: já ninguém acredita que se vá conseguir reduzir o défice para os projetados 4,5% em 2013.

Passos Coelho continua a afirmar que está no caminho certo e atribui a culpa pelos maus resultados obtidos à recessão europeia. Só que omite o facto de que Portugal apresenta o segundo pior resultado em termos de queda do PIB da zona euro, inferior apenas ao da Grécia. Mas a verdade é que esse fiasco não surpreende ninguém, nem os embusteiros que nos estão a governar. Basta somar 2 + 2 para saber que ao cortar nos orçamentos, salários e investimentos a economia contrai e aumenta o grau de dependência do financiamento externo, isto é, da União Europeia e do FMI. Aliás, como todos também já sabem, são esses que estão a ganhar com os planos de austeridade aplicados aos povos do sul da Europa.

De acordo com informações do Banco Central Europeu (BCE), a rolagem da dívida dos países periféricos (leia-se Portugal, Espanha, Grécia, Itália e Irlanda) já lhe proporcionou um lucro de 1100 milhões de euros, cuja metade é devida aos juros cobrados pelos títulos da dívida grega. Está aí a chave de toda esta situação: condena-se um povo à miséria para pagar dividendos à banca. O lucro de 1100 milhões será repartido pelos bancos centrais da zona euro, mas a Alemanha ficará com a parte do leão.

Há revolta no ar. Porque em apenas ano e meio esse governo transformou mais 233 mil trabalhadores em desempregados, retirou a 120 mil desempregados o subsídio de desemprego e condenou 124 mil pessoas à miséria retirando-lhes o Rendimento Social de Inserção.

Essa revolta vai estourar na manifestação de 2 de Março, convocada pelo coletivo Que se lixe a troika, para o qual estão a mobilizar sindicatos e movimentos sociais, entre os quais a Plataforma 15 de Outubro (15O). Até o secretário-geral da CGTP, que não se associa a manifestações organizadas por movimentos sociais, disse que desta vez participará do protesto.

Essa manifestação, se a indignação que toma conta da população continuar a crescer como vimos nessas últimas semanas, poderá transformar-se num novo 15 de Setembro. Mas é preciso que, ao contrário do sucedido na continuidade daquela grandiosa manifestação, a mobilização continue, que o povo não saia da rua até a queda deste governo.

Vamos todos à manif de 2 de Março mostrar que “o povo é quem mais ordena” e exigir: Revogação de todas as medidas de austeridade! Fora governo e troika! Suspensão do pagamento da dívida externa!

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