Convocadas pela Plataforma 15 de Outubro (15O), cerca de 150 pessoas reuniram-se na semana passada (30 de janeiro) em frente à sede do FMI, em Lisboa, para protestar contra as políticas de austeridade impostas por esta organização e aplicadas pelo governo. “Fora, fora já daqui, a fome, a miséria e o FMI!”, “Quem deve aqui dinheiro é o banqueiro” e “Vamos lá ver quem decide o meu salário, se é o povo unido ou o Fundo Monetário”, foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes.
Além de pedir a saída do FMI e da troika do país, os presentes também exigiram a demissão do governo de Passos Coelho, cuja política de cortes nos salários e investimentos públicos está a aumentar o desemprego e a pobreza do povo.
À agência Lusa, Davide Santos, pelo 15O, disse que as políticas do FMI estão a “roubar direitos fundamentais aos portugueses”, nomeadamente na saúde e educação. “Protestamos contra as políticas desumanas do FMI, e para dizer que este governo é responsável pela atual situação do país. É um governo que acabou e tem que se demitir”, explicou.
Os manifestantes estiveram à porta do gabinete do FMI durante perto de duas horas. Numa das faixas do 15O, carregadas pelos ativistas, estava a palavra “Fora”, ladeada pelas fotografias do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.
A concentração convocada pelo 15O foi a primeira iniciativa de protesto contra o FMI após a divulgação do documento em que a instituição propõe ao governo uma série de medidas na saúde, educação e benefícios sociais para cortar 4 mil milhões de euros nas despesas públicas.
O documento do FMI sugere, entre outras medidas, a redução permanente dos salários na Função Pública entre 3% e 7%; menos 50 mil a 60 mil professores; aumento da idade legal da reforma para os 66 anos; perda do abono de família para 280 mil crianças, por força da eliminação do 3º escalão deste abono; aumento das propinas no ensino superior; e aumento das taxas moderadoras.
Razões para protestar não faltam. A exemplo do Estado Espanhol, temos de voltar com força às ruas, nas manifestações convocadas pela CGTP, a 16 de fevereiro, e a 2 de março, sob o lema “Que se lixe a troika. O povo é quem mais ordena!”.