Afinal, como sempre dissemos nas manifestações, “não falta dinheiro, mas sobram ladrões”, são os banqueiros e os corruptos que vivem “acima das nossas possibilidades”. O escândalo é sem precedentes. Luis Bárcenas, ex-tesoureiro do PP (e até pouco tempo com escritório próprio na sede central do partido), tinha 22 milhões na Suíça. O seu advogado informou que branqueou 10 milhões na recente amnistia fiscal do governo e que, durante anos, pagou bónus no mercado negro, entre 3000 a 10000 euros mensais, aos máximos dirigentes do PP [o que foi tornado público na sexta dia 1 de fevereiro, com a divulgação pelo jornal El País, dos papéis de Bárcenas, com os nomes de todos os políticos do PP, entre os quais o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, e os respetivos valores que receberam durante anos desse saco azul].
Ao roubo legal com que o governo saqueia o povo e enriquece os banqueiros, soma-se agora o roubo ilegal, a corrupção pura e simples. São os mesmos os ladrões que se enriquecem com o dinheiro de todos nós e agora, sob as ordens da troika, votaram para 2013 um orçamento com cortes brutais. Os que anunciaram, quebrando outra promessa eleitoral, que vão rebaixar o valor das pensões. Os que vêm destruindo 2 mil empregos por dia, o que resultou, em 2012, em mais 6 milhões de desempregados (26,13% da população), 12 milhões de pobres, 200 mil famílias despejadas, rebaixamentos salariais e aumento dos preços (IVA, luz, água, gás, etc.).
Um governo e um regime em crise
Mas o escândalo de corrupção não acaba em Bárcenas, que é a ponta mais destacada do iceberg até agora. Temos o caso de Güemes, ex-conselheiro de Saúde de Madrid, que entrou no conselho da multinacional Unilabs, a mesma que “comprou” o que ele privatizou. Temos o presidente da Comunidade, Ignacio González, que acaba de informar a compra de um sótão em Marbella por 1 milhão de euros, a uma sociedade criada num paraíso fiscal por um testa de ferro. Os negócios sujos de Urdangarín [duque de Palma de Mallorca e marido da infanta Cristina, filha do rei Juan Carlos] atingem diretamente o rei.
A corrupção não deixa nenhuma instituição de fora e faz crescer a indignação para além da estratosfera. Inerente ao capitalismo, a corrupção, que se acentua em tempos de crise como meio de acumulação de capital, é revelada em catadupa, empurrada pela crise do regime. O governo e as demais instituições do regime já não têm credibilidade. Sondagens recentes da Metroscopia [empresa de sondagens] revelam que 74% da população desaprova Rajoy e a 84% ele já inspira pouca ou nenhuma confiança.
Em paralelo, para Rubalcaba, secretário-geral do PSOE (socialistas), a desaprovação alcança 81%. O governo, a cada dia que passa, perde apoio social e vê aumentar a sua crise. As denúncias de corrupção aumentam com as divisões entre os de cima.
Fora Rajoy, por uma saída operária e popular para a crise!
É necessário e possível despedir este governo e derrotar o seu plano de guerra social. Para isso, é preciso propor esta tarefa às mobilizações, exigir a saída do governo, unificar as lutas e apresentar um programa comum de medidas de emergência:
– suspensão imediata dos despejos e garantia de moradia para todas as famílias sem teto, confiscando a montanha de casas em posse dos bancos.
– revogação de todos os decretos de cortes e da reforma laboral.
– suspensão imediata dos processos de privatização e renacionalização do privatizado, garantindo saúde e educação 100% públicas.
– suspensão imediata do pagamento da dívida aos banqueiros e abertura de uma auditoria pública.
– prisão para os corruptos e corruptores e confiscação de seus bens.
– nacionalização sem indemnização do sistema financeiro.
Por um Encontro das Organizações Sindicais e Populares
É necessário dar passos até à coordenação entre o sindicalismo combativo, os movimentos sociais e os setores em luta, para organizar a mobilização, aprovar um programa de emergência e abrir uma via para construir uma alternativa de governo dos de baixo. Para criar juntos um referência alternativa à da burocracia sindical de Comisiones Obreras (CCOO)-UGT e dos seus aliados.
Mas, ao mesmo tempo, a partir de cada conflito, é preciso defender a saída de Rajoy e dos governos dos cortes e exigir das organizações de oposição, como IU (Esquerda Unida), Bildu [coligação eleitoral independentista basca] ou ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), e das próprias burocracias de CCOO e UGT (que buscam reatar o “diálogo social”), que se ponham em campo para derrubar esse governo de defraudadores.
Corriente Roja