A luta dos jornalistas da Lusa e do Público também é nossa

Uma imprensa de qualidade é uma condição necessária à democracia. Mas para que esta imprensa exista são necessários jornalistas que tenham condições de trabalho que lhes permitam exercer com dignidade a sua profissão. É exatamente isso que o governo de Passos Coelho, no caso da agência de notícias Lusa, e a proprietária do jornal Público, a Sonaecom, não querem. Na Lusa, os jornalistas decidiram fazer quatro dias de greve, a partir de ontem (dia 18/10), contra o corte de 30% no orçamento da agência para 2013, o que provocará redução de pessoal, seja através de incentivos a rescisões amigáveis, seja através de despedimentos. No Público, os trabalhadores resolveram fazer hoje um dia de greve contra o despedimento de 48 funcionários, em sua maioria jornalistas.

A adesão à greve nos dois órgãos de imprensa tem sido muito grande: na Lusa, tanto no dia 18, quanto hoje, só trabalharam a Direção de Informação, a Chefia de Redação e 1 jornalista; no Público, menos de 1/3 dos trabalhadores furaram a greve. Jornalistas da Lusa e do Público realizaram um protesto à porta deste último, no qual participaram cerca de 150 pessoas, inclusive leitores com o intuito de solidarizar-se com os grevistas.

O corte orçamental na Lusa e os despedimentos no Público respondem à mesma lógica imposta ao país pela troika e os seus lacaios no governo de cortar na qualidade dos serviços prestados à população. Como agência de notícias nacional, o papel cumprido pela Lusa é fundamental e insubstituível para que a população esteja informada do que se passa no país, sem que esse direito seja limitado pelas restrições económicas existentes nos jornais privados. No caso do Público, é mais uma vez a imprensa a rebaixar a sua qualidade em prol do lucro imediato. Sem jornalistas não há boa imprensa, seja ela de papel ou digital.     

A luta dos jornalistas da Lusa e do Público é também a nossa luta.

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