António José Seguro, líder do PS, sem mais que dizer no dia das comemorações de uma República ajoelhada perante Bruxelas e Berlim, propôs a redução do número de deputados. Para poupar, diz o chefe do partido que injetou 8 mil milhões de euros no BPN.
Seguro aproveita-se do ódio que o povo tem aos políticos. Para o MAS esse ódio é justo e positivo: incentiva a população a lutar contra quem se apoderou do estado, que não sofre como o povo, mas discute, faz e aplica as leis, vivendo acima delas. O MAS não acredita no mundo dos assessores, boys e deputados que não sabem como o povo vive. E luta por uma democracia sem privilégios em que “o povo é quem mais ordena”. Ao contrário dos velhos partidos, somos uma nova voz contra esses privilégios e mordomias.
O Partido Socialista vive desses privilégios. O grupo parlamentar do PS gastou 210 mil euros para alugueres de automóveis. Seguro, Sócrates ou Vítor Constâncio fazem parte da camarilha de governantes autistas que endividou e roubou o país. Então porque é que o PS propõe esta mudança? De repente querem acabar com o parasitismo de que se alimentam?
Não é só o ódio aos políticos que cresce. Cresce, em particular, o ódio aos partidos da austeridade, PS incluído. Nas últimas sondagens, apesar do PSD cair a pique, o PS não chegava à maioria absoluta. Por isso, inventam este truque. Com menos deputados, PS e PSD reduzem a democracia ao bipartidarismo, para pôr o país a pão e água mais facilmente. Não é um parlamento com menos deputados que querem, mas sim um parlamento só para eles e para os seus amigos.
PS e PSD podem concordar, pois são os beneficiados. BE e PCP responderam, e bem, falando da troika e da austeridade, denunciando corretamente que esta posição avançada pelo PS nesta conjuntura era uma manobra para desviar a discussão do tsunami fiscal do governo sobre o povo para o problema do número de deputados. Mas o BE e o PCP também devem falar sobre as mordomias dos políticos. Também eles vivem do dinheiro do estado. Já o CDS permanece calado, fingindo que não tem nada a ver com o assunto, como de resto tem feito relativamente a tudo.
O MAS quer acabar com as mordomias e privilégios dos políticos, mas sem deixar o parlamento nas mãos do PS e PSD. Diminuir o número de deputados, mas deixá-los com as suas reformas vitalícias, salários sumptuosos e mordomias? Isso queriam eles! O MAS tem propostas concretas: diminuir para metade os salários dos deputados, acabar com as reformas vitalícias e acabar com a imunidade parlamentar. Com a proposta do MAS, poupar-se-ia num ano, só em salários, mais de quatro milhões e meio de euros. Acabando com os 9 milhões anuais que o estado gasta em reformas vitalícias, poupava-se 13 milhões e meio. Isto sem contar com as ajudas de custo e outros privilégios que também têm de acabar.
Isso, sim, ia doer aos que vivem do estado, sem deixar o parlamento na mão de PSD e PS, que mais não fazem que viver à custa do povo que roubam todos os dias.
Gil Garcia e Manuel Afonso