Cerca de 20 mil pessoas participaram em Coimbra no protesto “Que se lixe a troika. Queremos as nossas vidas!”, naquela que foi a maior manifestação de sempre realizada na cidade.
Várias gerações estiveram unidas na rua para exigir o fim das medidas de austeridade, a saída da troika de Portugal e a demissão do governo. O povo saiu à rua e promete lutar até que o país tome um novo rumo.
Este protesto ultrapassou claramente o número alcançado em 2011, na manifestação da Geração à Rasca, quando cerca de 500 pessoas saíram à rua na cidade. As diferenças fizeram-se sentir também ao nível das palavras de ordem, pois em 2011 liam-se nas pancartas: “Justiça”, “Reforma fiscal” ou “Esta geração é solução”, não se tendo realizado plenário final.
Varias gerações e classes profissionais uniram-se contra a troika e o governo
Trabalhadores, estudantes, professores, funcionários públicos, operários, desempregados, crianças, jovens e idosos uniram-se à manifestação “Que se lixe a troika. Queremos as nossas vidas!” e gritaram, a uma só voz, palavras de ordem que exprimiram a sua indignação e vontade de mudar o país, tais como: “Fora, fora já daqui, a fome, a miséria e o FMI”; “Gatunos, Gatunos”; “Que se lixe a troika”; “Está na hora, está na hora de o governo ir embora”; “Vítor Gaspar és pior que o Salazar, Passos Coelho tira a mão do meu dinheiro”, entre outras.
O protesto teve início na Praça da República, que foi pequena para acolher todos aqueles que se quiseram juntar à manifestação. Perto das 17h50, os manifestantes começaram a descer a Avenida Sá da Bandeira, numa coluna coesa, animada e colorida por vários cartazes com frases de apelo e exigência ao fim da austeridade e ao roubo aos trabalhadores e reformados. À medida que a manifestação ia descendo a avenida, mais e mais manifestantes juntavam-se ao protesto, que acabou por reunir cerca de 20 mil pessoas.
Devido ao grande número de manifestantes, o ponto final da manifestação teve de ser alterado da Praça 8 de Maio para o Parque Verde do Mondego, para que todos pudessem estar reunidos e fosse possível realizar um plenário aberto e democrático, onde todos pudessem falar e dar o seu testemunho, bem como apresentar novas propostas para dar continuidade a esta grande luta do povo contra o governo e a troika.
Manifestantes realizaram plenário no final do protesto
No plenário, vários intervenientes falaram sobre a sua revolta e indignação face às novas medidas de austeridade anunciadas por Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar e à subjugação do país à troika (FMI/CE/BCE). Um agricultor alertou para a destruição do setor agrícola em Portugal e para a dependência alimentar do país face ao exterior e uma trabalhadora precária disse estar farta de ser roubada e de não ter dinheiro para conseguir sobreviver.
O plenário aprovou a realização de uma nova manifestação no dia 22 de setembro, também na Praça da República. Várias gerações uniram-se neste protesto e tomaram consciência de que têm força e de que só uma luta contínua e forte do povo nas ruas poderá derrubar a troika e o governo e garantir um novo rumo para o país.
Uliana de Castro e Raquel Oliveira, de Coimbra