O governo PSD/CDS, através do primeiro-ministro Passos Coelho, comunicou ao povo mais medidas de austeridade e, num discurso provocador, afirmou: “O que propomos é um contributo equitativo, um esforço de todos paro o objectivo comum, como exige o Tribunal Constitucional (…) Foi com este propósito que o governo decidiu aumentar a contribuição para a Segurança Social para 18%, o que nos permitirá, em contrapartida, descer a contribuição exigida às empresas também para 18%”.
O descaramento e a provocação deste governo gerou grande indignação porque ficou clara a sua política: roubar aos trabalhadores mais 7% dos salários (com o aumento de 11% para 18% na TSU) para poder enriquecer mais os patrões com o equivalente a 5,75% da massa salarial (com a diminuição das contribuições que eles estavam a fazer que descem de 23,75% para os 18%). Feitas as contas, em 2013, o governo quer mais 5500 milhões de euros que vai roubar aos trabalhadores e pensionistas, mas para os patrões propõe uma oferta de mais 2200 milhões de euros. A política capitalista para fazer os trabalhadores pagarem a crise é claríssima.
A austeridade do governo e da troika já tinha colocado o povo e os trabalhadores numa situação muito difícil com a miséria e o desemprego a aumentar muito. Os resultados desta política estão à vista: nos últimos 15 meses a taxa oficial de desemprego aumentou de 12% para 16%; a dívida (que o governo dizia combater) também aumentou de 101% para 116% do PIB; e quanto à redução do défice, os objectivos do governo (em nome dos quais esta política de miséria foi imposta) estão longe de serem alcançados. Fica evidente que o governo está a afundar os trabalhadores e o povo e que a economia continua numa cada vez maior recessão destruidora de emprego, com a fome e a miséria a afectarem milhares de famílias da classe trabalhadora.
O governo, a troika e a UE têm aplicado uma política criminosa contra os trabalhadores e o povo e agora temos de dizer basta e mobilizar-nos para correr com o governo PSD/CDS, com a troika e com as políticas asfixiantes de pagamento de uma divida alheia ao povo e aos trabalhadores. Temos de continuar a manifestar-nos, a ocupar ruas e praças. A urgência vital de defender o salário, os direitos sociais e a criação de emprego impõe um plano de ação no movimento sindical e popular que avance para uma Greve Geral com continuidade, um plano debatido e decidido na base trabalhadora, nas empresas e sectores para unificar as reivindicações num movimento de luta comum que exija o fim deste governo e desta política.
Cortar com a troika, suspender o pagamento da divida e efetuar uma auditoria, implementar a nacionalização de sectores estratégicos (banca, energia, telecomunicações, grande distribuição), fortalecer os serviços públicos e criar centenas de milhares de postos de trabalho são aspetos do pacote de medidas necessárias para acabar com a crise que afeta o povo. Esta nova política só pode ser aplicada depois de expulsarmos a troika do país e o PSD/CDS do governo. A coligação que nos governa já mentiu muito e agiu ao contrário do que prometeu quando foi eleita. Hoje a maioria do povo está contra a política seguida pelo governo, por isso este deve ser demitido para se poder seguir outro caminho.
A possibilidade deste outro caminho alternativo passa pela unidade de todos os que se ergueram contra a troika e o seu memorando criminoso, passa pela unidade da esquerda antitroika e de todos os que lutaram contra as políticas e austeridade e de destruição dos serviços públicos, dos que lutaram contra as políticas que nos afundaram e que foram aplicadas pelos últimos governos, quer pelo PS/Sócrates, quer agora pelo desastroso governo do PSD/CDS/Passos Coelho. É esta unidade à esquerda, (PCP, Bloco de Esquerda, socialistas antitroika, independentes, movimentos e partidos de esquerda, como o MAS) que é necessária e urgente para erguer uma alternativa de governo que corte com a troika e a UE, que defenda os trabalhadores e o povo e que esteja presente em eleições que se impõe serem convocadas antecipadamente.