Cerca de 40 pessoas, entre amigos, simpatizantes e militantes, reuniram-se na sala do restaurante “O Cantinho dos Reis”, em Coimbra, para participar do jantar de apresentação do Movimento Alternativa Socialista (MAS), no dia 8 de Junho.
Os participantes eram vários: estudantes, desempregados, trabalhadores de call-center, profissionais da saúde e da educação enchiam a sala. Os cravos e os cartazes que propunham “Assina por um novo partido, por um novo Abril”, divulgando a campanha de legalização do MAS, indicavam que este era um jantar diferente. Para quem tivesse dúvidas, um “mupi” (cartaz de grandes dimensões) defendendo “Prisão para quem roubou e endividou o país – MAS, por um novo 25 de Abril” esclarecia: este era o jantar de um partido de esquerda, de um partido diferente. O proprietário do restaurante, lendo o “mupi”, foi o primeiro a notá-lo: “Pois é! Era correr com eles todos!” Enquanto se queixava do IVA a 23% para a restauração, foi buscar os documentos para assinar pela legalização do MAS.
No jantar falou-se de tudo um pouco. “O que é o MAS e de onde vem?”, queriam saber os convidados. E a sala respondia por si. Presentes estavam vários representantes da luta estudantil, alguns que o foram no passado recente e os principais candidatos de esquerda à presidência da AAC; outros foram os principais dirigentes da juventude do Bloco de Esquerda na cidade, antes de romperem para formar o MAS; outros ainda são delegados sindicais de áreas como a saúde ou as telecomunicações; enquanto alguns são rostos conhecidos dos novos movimentos, da Geração à Rasca ao 15 de Outubro (Plataforma 15O).
Intervenções de Raquel e Gil
Esse percurso de ativismo reforçou o MAS em Coimbra e conseguiu, recentemente, garantir a abertura de uma sede, local onde têm sido passados filmes, realizados convívios e debates sobre diversos temas. A presença de trabalhadores e estudantes, jovens e menos jovens, que olham para o MAS com curiosidade e interesse tem marcado a vida da sede. Este percurso e as lutas em que tem participado – contra o encerramento de cantinas na Universidade, contra o fecho das Urgências dos Hospitais dos Covões, contra a precariedade e os despedimentos nos call-centers, entre outras – foram os temas das conversas durante o jantar e deram o mote à intervenção de Raquel Oliveira, licenciada em Direito e atualmente no desemprego, em nome dos núcleos do MAS de Coimbra.
O escândalo do encerramento das Urgências do Hospital dos Covões – que cobrem 400 mil pessoas – em simultâneo com a abertura de mais um hospital privado, com serviço de urgências na cidade, foi referido pela representante do MAS como “exemplo de que Coimbra sofre dos mesmos males que a governação PS, PSD e CDS trouxeram ao país”.
Os escândalos repetem-se à escala local como no caso do Metro Mondego, nunca terminado e que justificou o encerramento da linha de comboio da Lousã, deixando as populações mais distantes de Coimbra e a autarquia endividada. Ou o desinvestimento na educação, o desmantelamento da cultura, o caos e o preço dos transportes públicos… Tudo fruto dos cortes nos serviços públicos, das privatizações, da mesma política de austeridade que assola o país. Por isso a necessidade de “suspender o pagamento da dívida pública” para poder, aí sim, “obter recursos financeiros para investir na cultura, na saúde ou no emprego”, como ressaltou a Raquel Oliveira no fim da sua intervenção.
A seguir falou Gil Garcia, em nome da direção nacional do MAS. Apontando para o “mupi” colado ao fundo da sala, igual a mais de uma centena que o MAS afixou de Barcelos a Olhão, referiu os vários casos, tristemente conhecidos, que endividaram o país com roubos sistemáticos: BPN, Parcerias Público-Privadas (as famosas PPPs), submarinos, dívida da Madeira… Casos que a justiça não vê, deixando impunes os banqueiros, governantes, autarcas e os seus associados que levaram o país à bancarrota, normalmente associados aos partidos do poder.
Daí a necessidade, prosseguiu o dirigente do MAS, de cumprir a lei, prender os culpados pela gestão danosa do país e parar de pagar a dívida criminosa que estes fizeram. Para isso, é preciso “um novo 25 de Abril e um partido que o defenda”, e por isso estamos todos “empenhados em legalizar o MAS nos próximos meses”, para melhor enfrentar os desafios que se aproximam. Com este repto, para que todos os presentes assinassem pela legalização do MAS e ajudassem o novo partido nessa tarefa, Gil Garcia concluiu a sua intervenção.
Músicas de Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e outros cantautores, interpretadas pelo jovem conimbricense Rui Morais, fecharam o jantar com a promessa de novas atividades, debates e lutas e de uma forte presença do MAS na cidade de Coimbra.