O governo Passos Coelho tem-se vangloriado por, supostamente, não haver reação por parte dos trabalhadores às medidas de austeridade. Não é verdade. Neste mês de maio, várias classes profissionais estão em luta para combater essas medidas, entre as quais os trabalhadores do Metro de Lisboa, da CP, da NAV (controladores de voo) e da Rodoviária de Lisboa.
Metro
Os trabalhadores do Metro (na foto, de Paulo Machado, em assembleia realizada em fevereiro) já fizeram duas paralisações em maio para defender direitos consagrados no Acordo de Empresa e a manutenção do Metro como empresa pública e dos postos de trabalho. Também em protesto contra os cortes do governo (subsídios de férias e de Natal, parte do ordenado e trabalho suplementar), não vão prolongar o seu horário durante o Rock in Rio. “Não queremos esmolas, queremos aquilo que é nosso pelo serviço que diariamente prestamos”, disse à agência Lusa Silva Marques, do Sindicato dos Trabalhadores da Tração do Metropolitano, que representa os maquinistas.
CP
A greve dos revisores e bilheteiros dos comboios urbanos de Lisboa este mês foi para exigir o pagamento a 100% em dias de descanso e feriados, como prevê o Acordo de Empresa. O governo só quer pagar estes dias a 50%.
NAV
No mês de maio, os controladores aéreos paralisaram o trabalho em vários períodos durante cinco dias com adesão de 100%, para protestar contra os cortes salariais praticados pelo governo. O coordenador da Comissão de Trabalhadores da NAV (Navegação Aérea de Portugal) disse que há 20 anos que não faziam greve. Os sindicatos que representam os trabalhadores NAV disseram que o governo não dá resposta às reivindicações dos trabalhadores e que a empresa vive uma situação de “instabilidade social sem paralelo”.
Rodoviária de Lisboa
Os trabalhadores da Rodoviária de Lisboa aprovaram uma greve de 24 horas a 1 de Junho próximo para exigir o atendimento das suas reivindicações, como aumento dos salários e integração do abono para falhas do motorista na sua tabela salarial. Eles também protestam contra o objetivo da empresa de criar um novo contrato coletivo que elimina praticamente todos os direitos dos trabalhadores.
Segundo o comunicado das entidades sindicais (Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal/STRUP e Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações/FECTRANS), divulgado na internet, foram realizados plenários com os trabalhadores que definiram a greve do dia 1 de junho e um plenário geral a ocorrer em Santa Iria, às 11 horas desse mesmo dia. Ainda segundo o comunicado, “os trabalhadores apenas admitem a suspensão da greve caso a empresa venha de imediato a integrar o abono para falhas na tabela salarial, caso contrário, admitem mesmo, no plenário a realizar no dia 1 de Junho decidirem novas formas de luta”.
No comunicado, as entidades sindicais admitem que “os trabalhadores desta empresa têm criticado a forma como os sindicatos conduzem os processos de revisão, particularmente o de 2011 que por falta de uma orientação de luta em tempo útil, impediu que os trabalhadores reagissem às injustiças como por exemplo, a criação de um abono para falhas, sem qualquer garantia e em detrimento da valorização da tabela salarial. A Fectrans/Strup, assumiu perante os trabalhadores que este ano tal não se repetiria e fosse qual fosse a capacidade de resposta dos trabalhadores, tudo iríamos fazer para impedir que a empresa mais uma vez protelasse o processo, o que vem acontecendo desde 2001 com resultados de tal forma negativos que os trabalhadores ganham hoje menos salário do que ganhavam à dez anos.”
Toda a solidariedade aos trabalhadores do metro, da CP, NAV e Rodoviária de Lisboa em luta!