O governo PSD/CDS não para os ataques e as provocações aos trabalhadores e ao povo, escudado pela troika da União Europeia e por um PS sempre comprometido com essa política. Ainda há pouco facilitaram os despedimentos e os tornaram baratos e já voltam a falar em baixar ainda mais as indemnizações aos despedidos. O 13º e o 14º mês que tinham prometido restituir dentro de dois anos já falam em nunca mais devolver. Afinal não era uma “ajuda extraordinária”, era mesmo um roubo feito à descarada e com a cumplicidade de todos os poderes desta democracia, desde o governo aos tribunais, passando pelo presidente Cavaco Silva.
Razões para o nosso descontentamento e revolta não faltam. Mas as respostas de luta não podem ser decididas sem a participação da maioria dos envolvidos; as lutas e greves, para serem participadas, têm de ser discutidas e decididas pelos trabalhadores e não por cúpulas sindicais; têm de respeitar os reais momentos de maior contestação e não seguir outros calendários e interesses partidários. A recente Greve Geral de 22 de março, convocada pela nova direção da CGTP, teve as limitações de uma greve feita a partir de cima, e não construída no terreno.
Independentemente do balanço que se faça da Greve Geral uma certeza temos: existem razões de sobra para o descontentamento que continua e que se expressa numa cada vez maior crítica às políticas do governo/troika. E, por isso, a todos os ativistas sindicais, aos membros das comissões de trabalhadores, aos ativistas dos movimentos sociais, a todos os militantes da esquerda contra a troika uma prioridade está colocada: a de organizar o descontentamento para que se passe à ação. Uma necessária ação contra esta política de austeridade do governo e da UE, uma ação contra a continuidade do pagamento das “prestações” da divida, que não é do povo e dos trabalhadores, exigindo a suspensão do seu pagamento.
Neste contexto de organização da luta assume particular importância fortalecer os novos movimentos sociais de contestação, como a Plataforma 15 de Outubro, desenvolver a sua ligação à classe trabalhadora e continuar uma ação unitária com todos os outros movimentos que se enquadrem na vaga internacional de resposta à crise e às políticas do capitalismo.
A resposta à crise e ao governo é uma necessidade popular e só uma resposta unida de toda a esquerda que está contra a troika pode ter possibilidades de vitória. Unir numa frente os partidos que no parlamento têm combatido a troika (casos do PCP e BE) a todos os restantes partidos e setores de esquerda que nas empresas e na rua têm igualmente participado nas lutas e manifestações contra as políticas governamentais é o desafio que está colocado.
O Movimento Alternativa Socialista (MAS), recentemente fundado como partido, quer contribuir para construir essa unidade. Discordamos do rumo que tem sido seguido pelos principais partidos de esquerda, PCP e BE, de “cada um seguir na sua bicicleta”, como disse Jerónimo de Sousa, no que foi secundado pela direção do BE, para que não existisse uma plataforma de unidade contra a troika.
O MAS irá batalhar pela unidade da esquerda, como já faziam muitos dos seus atuais militantes quando ainda pertenciam ao BE. Propomos a realização de um congresso das esquerdas para aprovar propostas unitárias de luta contra o governo e a troika. É também em nome dessa política de juntar forças contra a troika que o MAS está neste momento a realizar a sua legalização como partido político. Por isso, apelamos a todos os leitores do jornal Ruptura que ajudem e participem nesta campanha assinando pela legalização do MAS.
Editorial do Ruptura de Abril/Maio de 2012