Antes das eleições, Passos Coelho garantiu que não ia criar nenhum novo imposto sobre os rendimentos das pessoas, mas depois de eleito não teve dúvidas e cortou os subsídios de férias e de natal da função pública e dos pensionistas. Os seus ministros, como o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, afirmaram que este corte seria provisório, até 2013, mas agora ficamos a saber, pelo próprio primeiro-ministro, que só em 2015 os dois subsídios serão repostos, e assim mesmo em suaves prestações mensais. Na verdade, não há nenhuma garantia da sua reposição, pois não dá para confiar nesse governo. De acordo com o semanário Expresso, o governo só pretende pagar o equivalente a 20% do seu valor, e assim mesmo porque 2015 é ano eleitoral. Só a luta dos trabalhadores é que poderá garantir a restituição desse direito.
Desse e de todos os direitos que nos estão a ser roubados, como a reforma antecipada, antes dos 65 anos, que acabou de ser proibida pelo governo para todos os trabalhadores no regime da Segurança Social.
A mentira teve pernas curtas
Quem primeiro levantou o véu sobre a mentira de Passos Coelho foi a própria Comissão Europeia, ao admitir que os cortes nos subsídios seriam permanentes. A notícia foi saudada pelo presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, que não conseguiu contrariar o jornalista ao ser questionado se não apoiaria a extensão desses cortes ao setor privado.
“O modelo social europeu está morto”, declarou o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, a defender mais medidas de liberalização do mercado de trabalho, isto é, mais retirada de direitos dos trabalhadores. Tão duro para os trabalhadores, o BCE continua a contribuir para a saúde financeira da banca, ao manter a taxa de juro de refinanciamento em 1%. Dessa forma, a banca recebe biliões de euros do BCE a juro de 1%, enquanto continua a especular com os títulos da dívida pública dos países europeus, adquirindo-as por taxas de juros bastante mais altas. Há quem ganhe com a dívida, enquanto o povo continua a ser espoliado.
Europa em recessão
Além de Portugal, Espanha, Grécia e Itália, já em recessão, a previsão é que a Europa de conjunto entre em recessão este ano. As previsões variam de – 0,5% a, na previsão mais otimista, + 0,3%. Até duas das maiores potências económicas, França e Inglaterra, por pouco não entraram em recessão já em 2011.
Mesmo a Alemanha não escapa ao desastre, com previsões de crescimento de apenas 0,1% em 2012. A produção industrial do país retrocedeu 1,3% em fevereiro último em comparação com janeiro, uma manifestação de que está a ser afetada pela recessão na Europa. Quase 40% do PIB alemão depende das exportações, e a maior parte dessas exportações tem como destino os países da zona euro.
Apesar de todos os elementos a demonstrar que a política adotada até agora de destruição do estado social e de colonização dos países periféricos da zona euro só alimenta a crise económica, a Comissão Europeia não desiste e quer mais medidas de austeridade sobre os trabalhadores. Em seus últimos pronunciamentos considerou que, em Portugal, o governo deverá reduzir ainda mais a duração dos subsídios de desemprego. Isso depois de já ter entrado em vigor as novas regras do subsídio de desemprego no país, a reduzir o seu valor e duração.
Na Grécia, mais uma vez, foi representado nos últimos dias a síntese da situação da classe trabalhadora: o desespero que leva ao suicídio ou a luta para derrotar as políticas da troika e dos governos lacaios de plantão. A segunda está a ser a opção da larga maioria da classe trabalhadora, como demonstrou recentemente a greve geral no Estado Espanhol, e é a única opção correta.