Governo mentiu (mais uma vez) e não vai devolver subsídios em 2014

Antes das eleições, Passos Coelho garantiu que não ia criar nenhum novo imposto sobre os rendimentos das pessoas, mas depois de eleito não teve dúvidas e cortou os subsídios de férias e de natal da função pública e dos pensionistas. Os seus ministros, como o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, afirmaram que este corte seria provisório, até 2013, mas agora ficamos a saber, pelo próprio primeiro-ministro, que só em 2015 os dois subsídios serão repostos, e assim mesmo em suaves prestações mensais. Na verdade, não há nenhuma garantia da sua reposição, pois não dá para confiar nesse governo. De acordo com o semanário Expresso, o governo só pretende pagar o equivalente a 20% do seu valor, e assim mesmo porque 2015 é ano eleitoral. Só a luta dos trabalhadores é que poderá garantir a restituição desse direito.

Desse e de todos os direitos que nos estão a ser roubados, como a reforma antecipada, antes dos 65 anos, que acabou de ser proibida pelo governo para todos os trabalhadores no regime da Segurança Social.

A mentira teve pernas curtas

Quem primeiro levantou o véu sobre a mentira de Passos Coelho foi a própria Comissão Europeia, ao admitir que os cortes nos subsídios seriam permanentes. A notícia foi saudada pelo presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, que não conseguiu contrariar o jornalista ao ser questionado se não apoiaria a extensão desses cortes ao setor privado.

“O modelo social europeu está morto”, declarou o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, a defender mais medidas de liberalização do mercado de trabalho, isto é, mais retirada de direitos dos trabalhadores. Tão duro para os trabalhadores, o BCE continua a contribuir para a saúde financeira da banca, ao manter a taxa de juro de refinanciamento em 1%. Dessa forma, a banca recebe biliões de euros do BCE a juro de 1%, enquanto continua a especular com os títulos da dívida pública dos países europeus, adquirindo-as por taxas de juros bastante mais altas. Há quem ganhe com a dívida, enquanto o povo continua a ser espoliado.

Europa em recessão

Além de Portugal, Espanha, Grécia e Itália, já em recessão, a previsão é que a Europa de conjunto entre em recessão este ano. As previsões variam de – 0,5% a, na previsão mais otimista, + 0,3%. Até duas das maiores potências económicas, França e Inglaterra, por pouco não entraram em recessão já em 2011.

Mesmo a Alemanha não escapa ao desastre, com previsões de crescimento de apenas 0,1% em 2012. A produção industrial do país retrocedeu 1,3% em fevereiro último em comparação com janeiro, uma manifestação de que está a ser afetada pela recessão na Europa. Quase 40% do PIB alemão depende das exportações, e a maior parte dessas exportações tem como destino os países da zona euro.

Apesar de todos os elementos a demonstrar que a política adotada até agora de destruição do estado social e de colonização dos países periféricos da zona euro só alimenta a crise económica, a Comissão Europeia não desiste e quer mais medidas de austeridade sobre os trabalhadores. Em seus últimos pronunciamentos considerou que, em Portugal, o governo deverá reduzir ainda mais a duração dos subsídios de desemprego. Isso depois de já ter entrado em vigor as novas regras do subsídio de desemprego no país, a reduzir o seu valor e duração.

Na Grécia, mais uma vez, foi representado nos últimos dias a síntese da situação da classe trabalhadora: o desespero que leva ao suicídio ou a luta para derrotar as políticas da troika e dos governos lacaios de plantão. A segunda está a ser a opção da larga maioria da classe trabalhadora, como demonstrou recentemente a greve geral no Estado Espanhol, e é a única opção correta.

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