As primeiras notícias sobre a greve geral de hoje dão conta de uma forte adesão no setor de transporte – entre 70 e 100% em todo o país, segundo a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) – e de uma participação importante nas comunicações – superior a 70% nos turnos da noite dos CTT em Lisboa, Coimbra e Porto, segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, percentual que baixou para 65% durante o dia.
O Metropolitano de Lisboa está paralisado, bem como a Soflusa; a Transtejo só tem uma embarcação a funcionar. Os Transportes Sul do Tejo (TST) estão na greve a 70%, e o Metro Sul do Tejo, a 85%. O Metro do Porto só tem uma linha a funcionar, enquanto na Rodoviária da Beira Litoral há uma adesão de 90%; na STCP (Sociedade de Transportes Coletivos do Porto) só saíram 18 autocarros dos serviços mínimos. Os comboios da CP e os autocarros da Carris, em Lisboa, estão a cumprir serviços mínimos.
Outra adesão importante registou-se no setor portuário (estivadores e pilotos de barra), com a paralisação dos seis portos, incluindo o de Lisboa, Aveiro e Setúbal. Nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, agora ameaçados de privatização após a um longo período de inatividade imposto pelos sucessivos governos, estão assegurados apenas os serviços mínimos. Nos estaleiros da Lisnave, na Mitrena, a adesão à greve ronda os 75%. Em Viana do Castelo, a produção está parada, de acordo com informações da União de Sindicatos da região, na Browning-Viana, uma fábrica de armas com mais de 300 trabalhadores, e na Portucel-Viana, com o mesmo número.
Um outro setor que tradicionalmente participa das greves, o da recolha e tratamento do lixo, também deu o seu contributo para o sucesso desse dia de luta. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local, a adesão dos trabalhadores é total em quase todos os concelhos do país. Entre as exceções estaria Lisboa, onde a recolha chega a 60%. Na Valorsul, a adesão é praticamente de 100%.
No setor da saúde, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) avalia em 52% a adesão dos profissionais que representa. A participação dos enfermeiros teria sido significativa em muitos hospitais, como os do Montijo, Lamego e Régua, e, em Lisboa, nos hospitais Dona Estefânia (93%) e São José (84%), entre outros. Ainda no setor público, entre 50 a 60% dos funcionários judiciais também aderiram a greve em todo o país. Mas, ao contrário do ocorrido em outras greves, a imprensa deu conta de fraca adesão na Autoeuropa.
Como em vezes anteriores, a PSP foi chamada a intervir para impedir a atividade de vários piquetes de greve, nomeadamente em estações da STCP, no Porto, tendo-se registado confrontos; e, em Lisboa, nas estações da Carris da Musgueira e de Miraflores, e da recolha do lixo nos Olivais.
Durante a tarde de hoje haverá manifestações em todo o país, entre as quais a convocada pela Plataforma 15 de Outubro, com concentração às 16 horas no Rossio, em Lisboa, de onde seguirá para a Assembleia da República.