Governo, UE e troika põem Portugal a saque

É a política do vale tudo para roubar os trabalhadores e o  povo. Cobertos pela chantagem da “crise” e do pagamento de  uma “dívida pública”, os governantes e o atual poder económico capitalista conseguiram convencer uma grande parte da  população da necessidade de austeridade e do povo ter de  suportar ainda mais privações. Contudo, as duras medidas que  se têm dirigido contra os trabalhadores, que têm deixado quase  intocáveis as grandes fortunas e o capital, começam a fazer cair  a máscara ao governo e à política da União Europeia/Troika.

A Greve Geral do passado dia 24 de Novembro foi um início desta nova e necessária fase de dizer “Basta” a esta política  de roubo do salário e dos direitos sociais. Apesar de muitas  dificuldades impostas pela precariedade, pelos cortes salariais e pela repressão instalada em muitas empresas, a resposta  firme de centenas de milhares de trabalhadores levaram a que o  dia de Greve Geral resultasse num êxito com a paralisação de  importantes sectores, como os transportes terrestres, marítimos  e aéreos, bem como o encerramento dos serviços públicos e de  muitas grandes empresas.

Também desta vez a Greve saiu à rua, e em Lisboa realizaram-se duas manifestações (uma da CGTP e outra da Plataforma 15  de Outubro-15O), assumindo particular destaque a manifestação do 15O pela sua energia reivindicativa contra o governo e  a troika, pela suspensão do pagamento da dívida e pela defesa  dos direitos e salários. Pelo seu carácter de maior combatividade, a manifestação dos movimentos foi alvo de provocações  e repressão policiais perante as quais deveremos exigir punição  dos comandos policiais responsáveis, sob pena de se deixar um precedente para futuros ataques a mobilizações populares em  defesa dos seus direitos.

O pagamento do negócio a que falsamente se chama “ajuda” da UE/FMI/BCE e se destina a pagar uma dívida que não  beneficiou o povo português, mas que, ao contrário, encheu os  cofres e as contas bancárias do poder económico e político, é  hoje um sorvedouro de dinheiro público que é necessário parar.  Este mesmo dinheiro deve ser utilizado para pagar salários,  saúde e educação em benefício do povo e dos trabalhadores.

As grandes construtoras, os capitalistas que estão nas PPP e  os grupos dominantes no PSD, CDS e PS são os que fazem  parte da lista de verdadeiros devedores e que devem ser chamados a pagar a atual crise em que meteram o país. Estamos a falar  de verdadeiros criminosos, aliás todos eles com casos publicamente conhecidos em redes de corrupção, lavagens de capitais,  roubo e até assassinato (como é acusado Duarte Lima do grupo  de amigos de Cavaco Silva, o tal “mais alto magistrado da nação”).

A decisão dos capitalistas e dos seus governos em fazer uma  guerra contra os trabalhadores e os povos para que sejam estes  a sofrer e pagar a crise está a ter uma importante resistência dos “de baixo”. Na Europa, os trabalhadores e o povo grego têm  sido a vanguarda desta resistência que está a fazer rebentar um  projeto que há mais de 60 anos a burguesia europeia começou  para uma união económica a mando das grandes empresas.

Esta UE que tem saqueado os trabalhadores e os povos, que  tudo tem feito para restringir os direitos sociais e laborais, sempre em benefício dos capitalistas dos grandes grupos económicos, está a precisar de ser varrida e substituída por uma outra  baseada na defesa do emprego, do salário e dos direitos dos  trabalhadores e dos povos, uma Europa cuja união não pode ser  dirigida por quem defende a exploração do trabalho, o endeusamento da concorrência e a ganância do lucro, mas que tem de  ser dirigida pelos “de baixo”, pelos povos, pela classe trabalhadora e pelas suas  organizações.

O caminho tem de ser de resistência e mobilização para derrotar a atual política de roubo e saque que o governo PSD/CDS  está a fazer contra os trabalhadores e o povo. Prosseguir com as manifestações de massas e com todas as formas de luta que  conduzam e fortaleçam uma contestação geral e nacional é o  que tem de ser feito para derrotar os novos ataques do governo previstos no Orçamento de Estado para 2012 e no memorando com a troika. Ataques como o corte nos subsídios de férias e de Natal da Função Pública; o aumento do período normal de trabalho em 30 minutos diários e 2 horas e meia semanais; e a redução das indemnizações por despedimento.

João Pascoal

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