Um ano depois, o dia 24 de Novembro voltou a ser uma jornada de combate na resistência dos trabalhadores e do povo à guerra da austeridade imposta pela troika e pelos seus partidos – PSD/CDS e PS – para pagar a dívida.
A paralisação não foi decididamente o fiasco que o governo desejava e que tentou publicitar, no entanto os cerca de 90% de adesão descritos pela CGTP e a UGT empolam desnecessariamente o sucesso da greve, em cujo processo de preparação e moblização as centrais ficaram aquém do que a situação exige. Por outro lado, o receio de despedimento no contexto de grande precariedade laboral e desemprego crescente impediu que muitos se juntassem ao protesto. Ainda assim ficou patente que o apoio à greve por parte destes trabalhadores e pela população em geral foi esmagador.
Às expressivas paralisações nos portos, aeroportos, comboios, autocarros, recolha e tratamento de lixo, fábricas, escolas, universidades e hospitais somaram-se concentrações e manifestações por todo o país, a maior das quais em Lisboa que juntou as 7 mil pessoas da marcha promovida pela Plataforma 15 de Outubro às 4 mil da CGT, à frente do Parlamento. Esta reforçou, pela sua combatividade, dimensão e impacto o protesto geral, colocando à defensiva governantes, patrões e acólitos. E por acrescento, demonstrou que estavam errados os que negligenciaram a relização de uma manifestação nacional há um ano e que estavam certos os que a defendiam.
Depois do apelo à greve geral na imensa assembleia popular do 15 de Outubro e da sua convocação pelas centrais sindicais, a pujança deste dia traz mais mobilização à luta e mais capacidade de resposta dos trabalhadores à guerra social que nos foi declarada pelo Governo e os seus maestros da União Europeia e FMI.
Aos que viram um viragem à direita com a vitória do PSD/CDS nas eleições, aos que se resignam com a suposta passividade e “brandura” da população e aos que propagandeiam a inevitabilidade da austeridade, o 24 de Novembro trouxe algumas lições. A manifestação de dia 24 veio mostrar que a principal fraqueza da resistencia à troika não é a falta de disponibilidade para a luta mas a falta de quem os convoque. A plataforma do 15 de Outubro assumiu essa tarefa, as centrais sindicais tiveram de a seguir, e terá de a voltar a assumi-la no futuro. É nisso que nos empenhamos.