Sócrates e o seu governo retomaram o fôlego e continuam a acção destruidora para implementar a política anunciada em Bruxelas, para ser aplicada neste canto da Europa. Apesar dos “desmentidos” iniciais do governo, ele já está aí a lançar uma revisão das leis laborais.
Este governo está a boiar num mar de escândalos, e poucos são os que acreditam em ministros que têm como norma a mentira em todo o lado, mesmo que seja perante as instituições que juraram respeitar. Ainda não há muitos anos, qualquer governo europeu que tivesse este comportamento já teria sido demitido, pois nenhum partido de oposição permitiria tal bandalheira no governo.
Apesar da sua nefasta política e das mentiras permanentes, o governo mantém-se mesmo sendo contestado pela maioria do povo. É caso para perguntar onde anda a esquerda parlamentar que não concretiza uma moção de censura para acabar com ele. Ao PSD e ao grande capital, este governo PS que está a aplicar toda a política aplaudida pelos banqueiros é um governo útil para acabar uma fase desta grande ofensiva e depois agonizar, deixando o caminho livre para um governo PSD/CDS que já traz novos ataques em carteira. Mas, para os trabalhadores, cada dia deste governo é mais um dia para serem atacados, por isso há muito que já devia ter sido corrido, e em vários momentos de luta os trabalhadores mostraram capacidade para o vencer, as direcções dos movimentos é que não estiveram à altura de dar continuidade a essas lutas.
Em 24 de Novembro tivemos uma greve geral que demonstrou o descontentamento popular e uma significativa capacidade de mobilização dos sectores que estão a ser mais atacados pelas primeiras medidas dos PECs. Mas o êxito desta primeira greve geral só terá consequências práticas se o movimento sindical continuar com um plano de luta e mobilização nacional e uma política para coordenação europeia. A ofensiva que os governos europeus estão a fazer contra o salário e o emprego, contra os serviços públicos e contra os direitos contratuais dos trabalhadores, tem um plano de medidas brutais e continuadas para fazer empobrecer a classe trabalhadora europeia. Querem-nos fazer regredir décadas com uma precariedade total para nos baixar os salários, e tirar-nos o acesso aos cuidados de saúde e à educação pública.
Para uma resposta eficaz a esta ofensiva, os trabalhadores e o movimento sindical não podem dar tréguas eleitorais ao governo, nem ficar submetidos a candidatos presidenciais protagonistas desta ofensiva (como é o caso de Cavaco Silva) ou de candidatos que elogiam o esforço do governo para responder à crise (como é o caso de Manuel Alegre).
A actual política dos PECs quer descarregar sobre os trabalhadores todo o peso da crise. Para darmos um combate consequente a esta política é necessário continuar a luta e construir um proposta alternativa. Os trabalhadores e o povo que têm dado o seu voto aos partidos de esquerda (particularmente ao BE e PCP) e que se opõem a esta política capitalista seguida pelo governo PS, desejam uma alternativa, e esta pode ser construída com base num programa de governo, apoiado pelo movimento sindical, e que garanta a defesa dos direitos dos trabalhadores, do emprego, dos serviços públicos universais e gratuitos, e que vá buscar o dinheiro onde ele está, fazendo os capitalistas e as grandes fortunas pagarem a crise e devolverem as principais riquezas e empresas estratégicas ao país, a partir da nacionalização da energia (Galp e EDP), da Banca, e de todo o sector e rede de transportes.