A Coordenadora Sindical de Madrid, da qual fazem parte várias entidades sindicais, populares e políticas dos trabalhadores da capital do Estado Espanhol, reuniu no dia 24 de Novembro pela manhã 120 trabalhadores numa concentração em frente à Embaixada de Portugal para demonstrar a sua solidariedade à greve geral portuguesa.
“Queremos, assim, simbolizar a necessária unidade de todos os trabalhadores europeus contra os planos de ajuste, aumento da idade da reforma e cortes sociais. Queremos, assim, reivindicar a necessidade de uma greve geral em toda a Europa que jogue na caixa de lixo os planos da União Europeia e do FMI”, explica a convocatória da Coordenadora Sindical de Madrid.
Na ocasião, foram recebidos por um representante da embaixada, ao qual entregaram uma carta dirigida ao embaixador e assinada por todas as organizações que compõem a Coordenadora. “Como consideramos que os planos do seu governo são os mesmos de Zapatero, Sarkozy e Papandreu, estamos convencidos de que uma greve geral em toda a Europa é o caminho para acabar com a arrogância de governos que, ao serviço dos banqueiros e multinacionais, estão jogando sobre a classe trabalhadora o fardo da crise económica que só eles criaram. Estamos convencidos de que milhões de trabalhadores europeus olham com simpatia a greve geral hoje vivida em Portugal e desejam, como nós desejamos, o triunfo dos trabalhadores portugueses contra as medidas antioperárias do governo por si representado”.
Os trabalhadores permaneceram à frente da embaixada portuguesa das 11 às 12 horas, a gritar palavras de ordem contra os planos de austeridade. Da Coordenadora Sindical de Madrid fazem parte Comisiones de Base (CO.BAS), Sindicato Unificado Independiente de Trabajadores del Hotel Meliá Castilla y Plataforma Sindical Independiente de Blas&Cía, Sindicato Ferroviario de Madrid-Intersindical, Corriente Roja e Colectivo Obrero Popular de Roca, entre outras entidades.
Concentração em Sevilha
Em Sevilha, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) organizou uma concentração à porta do Consulado português em solidariedade à greve geral em Portugal (foto 1). Durante a concentração, foram distribuídos panfletos a dizer: “As políticas neoliberais aplicadas pelos governos dos países da União Europeia fazem com que seja a classe trabalhadora a pagar pela crise provocada pela banca e os grande monopólios. É nosso dever responder aos ataques com as armas da nossa classe: a solidariedade e a luta”.
Nesse mesmo dia, foi entregue ao cônsul português em Sevilha uma carta assinada pelo secretário-geral da CGT-Sevilha, António Losada, explicando as razões daquela concentração: “O sindicato Confederação Geral do Trabalho (CGT) em Sevilha vem por este meio informar-lhe do total apoio e solidariedade com os/as trabalhadores/as da República Portuguesa convocados/as pela CGTP e a UGT para a Greve Geral de 24 de Novembro”.
Na Catalunha, em Barcelona, delegados (as) sindicais de diferentes sectores (telefónicos, administração pública, informática, transporte, química), assim como organizações sindicais da Coordenadora Sindical Unitária da Catalunha (CUSC), também entregaram ao cônsul português um texto em que manifestam solidariedade ao movimento dos seus camaradas portugueses em greve geral.
Críticas à UGT e CC.OO
A Coordenadora Sindical de Madrid critica a condução que as principais centrais sindicais do Estado Espanhol, UGT (afecta ao PS) e CC.OO (Comissões Operárias, afecta ao PC) estão a dar à luta dos trabalhadores:
“Milhões de trabalhadores deixaram claro ao longo dos últimos meses e também no passado dia 29 de Setembro [data da greve geral em Espanha] o seu repúdio à política anti-social do governo, exigindo a retirada da reforma laboral e das pensões. O governo mantém essas medidas, apresentando um Orçamento Geral do Estado para 2011 que anuncia mais desemprego e mais cortes sociais e, junto à patronal, deixam bloqueados milhares de acordos colectivos.
“A única mudança neste governo foi de ministros, com o argumento de que precisam “comunicar melhor” para “que se entenda a política do governo”. Há tempos que entendemos perfeitamente qual é a política do governo: desemprego, cortes sociais e benefícios milionários para os banqueiros. Mudam as caras, mas não as políticas. Enquanto pedem ao para voltar à via do “diálogo social”, os dirigentes da UGT e CC.OO planeiam algumas mobilizações para meados de Dezembro.
“Depois de um greve geral e quando as mobilizações operárias acontecem em toda a Europa, essas propostas só servem para que essas centrais possam lavar as mãos e não dar continuidade à greve geral, pois são tardias e insuficientes. É, além disso, inadmissível que se sentem à mesa de negociações com o governo e a patronal enquanto não se revogue a reforma laboral e se desista da reforma das pensões e da negociação colectiva. É preciso fazer como em França, é preciso que estudantes e trabalhadores saiam juntos às ruas, é preciso manter as mobilizações e convocatórias de greve até dobrar estes governos dos banqueiros”.