A 19 e 20 de Novembro terá lugar em Lisboa a próxima cimeira da NATO, a maior e principal aliança militar do imperialismo, uma máquina em que estão implicados 70% dos gastos militares de todo o mundo. Será o 22º encontro do género desde a sua fundação em plena Guerra Fria, altura em que os objectivos da aliança eram descritos pelo então secretário-geral como “manter os russos fora, os americanos dentro e os alemães em baixo”. Chegados os anos 90, deu-se a restauração do capitalismo na União Soviética e restantes países de Leste, com o colapso do respectivo bloco politico-militar, ficando a NATO sem razão aparente para existir à luz dos seus pressupostos originais.
Depois disso, têm lugar as primeiras intervenções em larga escala – bombardeamentos e “missões de paz” na Bósnia – com vista a poder desenhar o novo mapa político dos Balcãs. No mesmo marco, e ao mesmo tempo que a organização se expande para os países de Leste, é atacada a Jugoslávia – em bombardeamentos “cirúrgicos” que matam centenas de civis (“danos colaterais”) – e ocupado o Kosovo, desarmando-se as milícias locais e tendo-se lá estabelecido um regime semi-colonial.
Pós-11 de Setembro
É depois do 11 de Setembro que a NATO, como veículo da suposta “guerra contra o terrorismo”, se vem a tornar-se num dos principais braços armados do imperialismo fora da Europa, quando toma conta da ISAF (a missão de ocupação do Afeganistão) ou se encarrega da formação das forças armadas colaboracionistas do Iraque.
De forma a partilhar os custos de uma guerra suja e a dar um ar plural à ocupação, são arrastados para o Afeganistão, a mando das grandes potências, os exércitos de países periféricos (como Portugal ou a Polónia), muitos dos quais nunca na sua história se tinham visto neste papel ou, no caso da Alemanha, violando a Constituição pós-2ª Guerra Mundial que limita o exército deste país a funções que sejam absolutamente de defesa. De referir ainda que o único êxito desta missão da ISAF é o de segurar a muito custo, face à enorme resistência dos afegãos, um regime corrupto de dirigentes locais ligados ao tráfico de droga e armas, trazidos ao poder por eleições reconhecidas por todos como fraudulentas.
A Nova Estratégia
Actualmente, desenvolve-se e será ponto principal na cimeira de Lisboa a “Nova Estratégia”, que consiste nos seguintes pontos: a guerra no Afeganistão como desafio principal; o desenvolvimento de um escudo antimíssil a partir de bases na Europa; as armas nucleares como necessidade absoluta para a política de dissuasão, com reforço e modernização destas armas na Europa; e mais investimento dos estados-membros na defesa, pese embora as dificuldades actuais.
Para este festim, o governo Sócrates, como menino bem-comportado do clube dos grandes, dispõe-se a gastar 5 milhões de euros em segurança e a interromper a livre circulação de pessoas através da fronteira, para que Obama, Merkel, Sarkozy e companhia possam discutir os seus saques e as suas guerras em tranquilidade.
Por tudo isto, as ruas de Lisboa esperam por nós no Sábado dia 20, para quando várias organizações marcaram uma manifestação, a começar no Marquês de Pombal, às 15 horas! Todos à manifestação anti-NATO!
André Traça