Os governantes da União Europeia não param a sua ofensiva ccontra os direitos, os salários e o emprego dos trabalhadores europeus. Decidida em acordo com o FMI e os G8, a política comum na UE visa destruir muitos dos direitos sociais da população trabalhadora e, além de querer diminuir as prestações sociais, as reformas e os salários, quer dar todo o poder aos patrões para despedir.
As intenções patronais e governamentais são claras, querem fazer os trabalhadores e a população mais pobre pagarem a factura da crise que a ganância capitalista provocou. Os trabalhadores e os povos da Europa respondem a esta brutal ofensiva e começam uma onda de contestação à escala continental: na Grécia e em França a mobilização é uma realidade, e as greves gerais já realizadas mostram o potencial de desenvolvimento que a luta pode ter para conseguir fazer retroceder os planos governamentais da União Europeia.
Em Espanha está convocada uma greve geral para dia 29 de Setembro, e a Confederação Europeia de Sindicatos fez um apelo a uma jornada de luta também para esse dia 29. Perante este potencial de luta, não se compreende porque é que as direcções das centrais sindicais que passam a vida a falar de “unidade sindical” não queiram marcar uma data comum para as greves que convocam.
Neste momento de luta em que era preciso concertar uma resposta dos trabalhadores à escala europeia, os dirigentes sindicais europeus conseguem evitar uma greve geral conjunta que potenciaria qualitativamente a força do movimento operário e sindical. Assim, em Setembro realizam-se greves gerais em França, Grécia e em Espanha, e apenas em Espanha se aproveita o dia 29, dia de jornada de luta europeia convocada pela CES. Esta data poderia ser de convergência para greves gerais em vários países, mas as direcções das centrais sindicais europeias evitam uma acção de greve geral conjunta que poderia afectar toda a Europa, causando verdadeiros danos aos projectos capitalistas e dando força aos trabalhadores para alcançarem uma vitória que impedisse a concretização da actual estratégia de Bruxelas.
Em Portugal, o processo de mobilização ainda está mais recuado, e nada se fez para preparar uma greve geral. Já se desperdiçaram algumas oportunidades, nomeadamente na altura da grande manifestação nacional contra os PECs, em fins de Maio. Agora, para dia 29, a CGTP convocou manifestações descentralizadas em Lisboa e Porto, e algumas paralizações parciais. Para darmos seguimento à luta, há que participar com força nestas acções de dia 29, e avançar com a proposta de organizar uma greve geral em Portugal, ainda este ano.
Uma mobilização contra a política do governo e os seus PECs é dificultada pelo facto do movimento sindical e a esquerda não estarem unidos com uma alternativa política à direita/Cavaco e ao governo Sócrates. O facto de uma parte da esquerda e do movimento sindical estarem ligados à candidatura presidencial de Manuel Alegre que afirma a inevitabilidade dos PECs e é comum com o governo, enfraquece a capacidade de luta e mobilização dos trabalhadores contra essas políticas.
Contudo, a continuidade dos ataques que a burguesia e o governo preparam exigem uma resposta firme. A população trabalhadora portuguesa também tem demonstrado um grande potencial de contestação, e, apesar de todas as contrariedades, a única via para defender os direitos continua a ser a da luta. Há que dar a palavra aos trabalhadores e realizar reuniões plenárias nas empresas e nos grandes sectores sindicais para discutir e decidir como organizar uma greve geral participada e que traga os trabalhadores à rua numa grande manifestação nacional.