Multinacional americana que actua na área da logística despediu 18 trabalhadores do centro de Vallecas, em Madrid, com o objectivo de derrotar o movimento organizado e combativo que ali existe, o que facilitaria a extinção dos direitos laborais e a instalação da precariedade e dos baixos salários. Transcrevemos, a seguir, a carta do Comité de Empresa dos trabalhadores de UPS Vallecas a denunciar a empresa e a pedir a solidariedade dos trabalhadores e dos seus sindicatos e associações.
Aos trabalhadores e trabalhadoras da UPS em todo o mundo:Enquanto a UPS obtém lucros multimilionários, despede os trabalhadores e trabalhadoras da UPS-Vallecas
Readmissão dos (das) despedidos (as)!
Estimados companheiros e companheiras
Queremos, em primeiro lugar, informar-vos que, no passado dia 30 de Julho, a UPS começou a despedir os trabalhadores de Vallecas (Madrid), sendo até ao momento 18 os companheiros e companheiras despedidos.
Ao longo dos último anos a empresa apresentou três Expedientes de Regulação de Emprego (ERE, procedimento oficial para solicitar ao Estado a extinção de contratos de trabalho), com o objectivo de despedir a maioria dos trabalhadores da UPS Vallecas e modificar as condições laborais e económicas dos restantes, incluindo acabar com o acordo colectivo que assinámos.
Depois de muita luta, os dois primeiros ERE e os seus correspondentes recursos legais foram recusados pelo Ministério do Trabalho e pela Comunidade de Madrid, que rejeitaram de forma inequívoca a existência de alguma causa para os despedimentos. Depois dessas duas negativas, a direcção da UPS resolveu retirar o terceiro ERE antes de uma nova recusa.
Com estes antecedentes, e em vez de aceitar e assumir as distintas resoluções do Estado, voltando assim a normalizar as relações laborais em Vallecas, a empresa tem o descaramento de aplicar, imediatamente após retirar o terceiro ERE, o chamado “despedimento objectivo” (despedimento individual, com indemnização de 20 dias por ano trabalhado) a 18 trabalhadores (as).
E fá-lo utilizando os mesmos argumentos apresentados há mais de dois anos: “as causas dos despedimentos são económicas, organizativas e de produção”, as mesmas causas que já em cinco ocasiões disseram-lhes que não existem, dando razão, em todos os casos, a nós, trabalhadores, que lutamos pela defesa do posto de trabalho e pelas condições laborais.
Desta vez, apoiando-se na nova Reforma Laboral aprovada pelo Governo espanhol, em vigor desde o dia 18 de Junho, a empresa tenta conseguir o que não conseguiu por via dos ERE. Com esta nova Reforma, como desapareceram muitas causas de “nulidade” para os despedimentos (se o juiz declarasse nulo o despedimento a readmissão do trabalhador despedido seria obrigatória), a UPS pretende que os despedimentos prosperem, ainda que sejam declarados como “improcedentes”, o que significaria que a empresa estaria obrigada a pagar mais dinheiro ao trabalhador (até 45 dias por ano trabalhado), mas nada a obrigaria a readmiti-lo ao seu posto de trabalho. Assim sendo, UPS teria o caminho aberto para aplicar a mesma medida aos restantes trabalhadores que, até hoje, continuam no centro de Vallecas (neste momento, cerca de 70, frente aos mais de 200 que éramos há pouco mais de dois anos).
Estamos há mais de dois anos empenhados nesta luta em defesa dos postos de trabalho e dos direitos laborais. A direcção da empresa preferiu tirar-nos o trabalho, ter-nos praticamente sem fazer nada durante todo este tempo, sem se importar em esbanjar dinheiro, enquanto sobrecarrega de trabalho os companheiros de outros centros de trabalho; isto é, prefere fazer de tudo antes de ceder e sentar-se com os representantes dos trabalhadores (Comité de Empresa) para resolver de uma vez esta situação, trazendo de volta a Vallecas o trabalho que nos tiraram ou, então, transferindo todos os trabalhadores para o centro de Coslada (Madrid), se é verdade que o que querem é encerrar Vallecas.
Isso demonstra o que temos dito muitas vezes: não falta nem dinheiro nem trabalho, aqui o problema é que querem acabar com um modelo sindical que lhes é incómodo para aplicar os seus planos, que não são outros senão substituir trabalhadores efectivos e com direitos por trabalhadores cada vez mais precários, que trabalhem mais por menos dinheiro e menos direitos. E necessitam que sejam trabalhadores submissos. Essa é a sua política para continuar obtendo cada vez mais lucro.
Querem ter mãos livres para continuar a terceirizar (i.e.: outsourcing) o trabalho, utilizando empresas subcontratadas em lugar de contratar trabalhadores directamente pela UPS, generalizando os contratos a tempo parcial, o uso de Empresas de Trabalho Temporário e o poder de congelar ou directamente reduzir os salários. Ou seja, necessitam ter as mãos livres para continuar a cortar nos direitos dos trabalhadores.
Nós, os trabalhadores da UPS Vallecas, dirigimo-nos a todos vocês para denunciar esta situação e pedir a vossa solidariedade e apoio.
Pedimos que sejam enviados comunicados de todos os centros de trabalho da UPS, sindicatos e representantes de trabalhadores à direcção da UPS exigindo-lhe a imediata readmissão dos companheiros e companheiras despedidos e que se respeite os postos de trabalho e os direitos laborais dos trabalhadores da UPS Vallecas, bem como de todos os trabalhadores da UPS.
Estamos levando a cabo um plano de acção que inclui, entre outras coisas, reuniões de trabalho com trabalhadores da UPS de outros centros e a nossa participação activa na preparação da Greve Geral convocada em todo o país para o próximo dia 29 de Setembro.
Esperando o vosso apoio solidário, agradecemos e indicamos abaixo os endereços e direcções para que possam ter toda a informação necessária.
Pela readmissão dos companheiros e companheiras despedidos!
Pela defesa dos postos de trabalho!
Fora a reforma laboral!
Vallecas (Madrid) 20 de Agosto de 2010
Comité de Empresa de UPS Vallecas
Comunicados à direcção da empresa
(Por favor, enviar cópia dos comunicados escritos ao Comité de Empresa de UPS Vallecas para a seguinte direcção: comiteupsvallekas@yahoo.es)
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