Direcção burocrática enfraquece movimento

No passado dia 18 de Junho, no Teatro Municipal de Almada, realizou-se o XVI Encontro Nacional de Comissões de Trabalhadores.

Nos últimos anos, estes Encontros anuais têm-se transformado num ritual cada vez mais esvaziado de um verdadeiro debate entre membros de CT’s, o qual seria necessário para decidir um novo rumo para o movimento e a permitir acções de luta coordenadas, a constituição de mais CT’s e uma autonomia das Coordenadoras e CT’s face às direcções sindicais.
A presença de cerca de 200 membros de 60 Comissões de Trabalhadores assinala uma menor mobilização em relação a Encontros anteriores, que chegaram a ter mais de 500 participantes. Os dirigentes que coordenam o Encontro, na sua larga maioria membros e dirigentes do PCP, utilizam estes Encontros como simples sessões de propaganda, onde se sucedem um conjunto de intervenções lidas (previamente escritas nos organismos partidários) sem estabelecer qualquer debate/resposta com outras intervenções que coloquem opiniões divergentes. A prática de transformar estes Encontros em autênticas “peças teatrais”, que sempre terminam com um desfile para o Governo Civil ou para um local de encontro com a comunicação social, acaba por ser um elemento desmobilizador de muitos trabalhadores que não integram os aparelhos partidários ou sindicais.

Que resposta ao PEC e ao governo?
A orientação da coordenação do Encontro de CT’s era a de fazer simples propaganda da “jornada de luta da CGTP para o dia 8 de Julho”, sem avançar com nenhuma indicação concreta sobre essa “jornada de luta” nem com nenhum plano para as CT’s mobilizarem os trabalhadores para alguma iniciativa. Para estes dirigentes do PCP, as Comissões de Trabalhadores devem apenas limitar-se a expressar o seu apoio às acções convocadas pelas direcções sindicais da CGTP.
A seguir a uma grande manifestação nacional de protesto, como foi a de 29 de Maio ao reunir mais de 200 mil manifestantes, para continuar a mobilizar na luta, as acções seguintes devem ser apontadas para uma maior. As acções de protesto convocadas para dia 8 de Julho, de modo descentralizado para diversos locais, dificilmente serão um passo em frente se não se apresentarem como actos de preparação para uma greve geral.
Para responder à crise e aos PEC’s, e para que saísse deste XVI Encontro uma linha de acção para levar à base trabalhadora nas empresas e também para colocar ao conjunto do movimento sindical, os membros da Comissão de Trabalhadores do Banco Santander Totta, presentes neste Encontro, foram os únicos a apresentar a proposta da realização de uma Greve Geral em simultâneo com a greve geral anunciada pelas centrais sindicais em Espanha para dia 29 de Setembro, dia de acções de protesto também anunciado pela CES (Confederação Europeia de Sindicatos). Esta proposta, que não foi aceite pela mesa do XVI Encontro, significaria, a concretizar-se, um forte impulso para a derrota dos planos dos governos de Portugal e do Estado Espanhol.
João Pascoal (Coordenador da CT do Banco Santander Totta)

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