Luta de classes no Mundial da África do Sul

Enquanto o Cristiano Ronaldo e companhia jogam sendo obscenamente pagos, outros intervenientes no Campeonato do Mundo de Futebol que se disputa na África do Sul resolvem lutar por melhores condições de vida.

Assim, os stewards (foto), responsáveis pela segurança durante os jogos, iniciaram uma greve em protesto contra o facto de estarem a ser mal pagos (ao invés dos prometidos 1900 rands estariam a recebe 150 (cerca de 15 euros) por turnos de 12 horas!).

Assim, ocuparam as imediações do estádio Moses Mabhida em Durban e fizeram com que tivesse que ser a polícia local a ocupar-se da segurança dos jogos.

Os manifestantes foram agredidos e a polícia – sempre a bem da “ordem pública” – disparou balas de borracha e gás lacrimogéneo. Os protestos tiveram imediata solidariedade de outros stewards que preparavam já uma greve também na Cidade do Cabo, antes do jogo entre a Itália e o Paraguai, tendo a polícia carregado de imediato sobre os manifestantes com o resultado de um ferido, segundo o jornal Guardian.

A onda de protestos está a alastrar-se em toda a África do Sul, e o facto de todas as atenções estarem viradas para o país dá uma óptima oportunidade de luta aos seus trabalhadores. Em Johanesburgo, são os condutores de autocarros que lutam contra o aumento do horário de trabalho durante o Campeonato do Mundo, e em Durban 800 manifestantes gritaram contra o gasto inusitado que o Governo fez com o torneio de futebol num país assolado pela pobreza e pelo desemprego, gritando palavras de ordem como “World Cup for all! People before profit!” (Campeonato do Mundo para todos! As pessoas antes do lucro!).

Os representantes do Campeonato do Mundo já tentaram pôr água na fervura, dizendo que se trata de uma “questão interna” e que nenhum fã será afectado. Na nossa opinião, todos os “fãs” que forem trabalhadores devem torcer pela luta dos trabalhadores sul-africanos, porque ela também é sua.

A nossa equipa é a dos trabalhadores!

Manuel Neves

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