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Alegre diz que medidas de austeridade são “inevitáveis”

alegre_apoia_medidas_de_austeridadeEm entrevista ao jornal Expresso desta semana (15 de Maio), o candidato Manuel Alegre disse que não aplaude o plano de austeridade do governo Sócrates, mas que o compreende. “Ao ponto a que as coisas chegaram, ficámos sem alternativa a não ser sair do euro”, declarou ao semanário. As medidas são “duras, desagradáveis e dolorosas, mas inevitáveis”, classificou, sem deixar de reconhecer o risco de recessão que elas trazem e, segundo o site do próprio candidato, “fazendo votos para que o governo se debruce agora sobre o crescimento económico”.

Como se não bastasse, Alegre ainda aconselha Sócrates a “falar claro e com verdade”, porque “as pessoas são capazes de compreender” e diz que “gostaria que o acordo político para estas medidas tivesse ‘ido além do Bloco Central’, envolvendo não só os demais partidos como os parceiros sociais, ‘nomeadamente os sindicatos’”.

Não é preciso dizer mais nada: pressionado pela necessidade, segundo a sua lógica eleitoral, de conseguir o apoio do PS, Alegre omite críticas óbvias ao PEC2 de Sócrates. Críticas que vêm sendo feitas em vários quadrantes políticos, inclusive não só de esquerda, devido à dureza de medidas que confiscam o salário dos trabalhadores, aumentam a pobreza e a miséria.

Mais uma vez fica claro que Manuel Alegre não deve ser o candidato apoiado pela esquerda. As suas ligações com o governo PS/Sócrates condicionam-no e tornam-no, mesmo antes de sê-lo oficialmente, o candidato do governo e de suas políticas.

“Não tem que ser assim”

Ao contrário do que diz Manuel Alegre, há uma alternativa à crise que não a do bloco central formado pelos patrões, pela banca, pelo PSD e pelo governo PS/Sócrates. Há uma alternativa à crise que não passa pelo estrangulamento social e económico do conjunto da sociedade, para preservar uma minoria de privilegiados e a economia capitalista.

É a alternativa da luta contra o pacote de austeridade e contra o governo e os partidos que querem aplicá-lo e o apoiam. É a alternativa materializada em propostas, como as do Bloco de Esquerda (investimento público para a criação de emprego, tributação das mais-valias mobiliárias a 20% e outras medidas de justiça fiscal, etc.); em propostas como as tradicionais da esquerda para fazer o contrário do que os ricos querem: que sejam eles, e não os trabalhadores e a maioria da população pobre, a pagar pela crise que criaram.

Propostas contra o desemprego, o maior flagelo social dessa crise, como a redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais, para que todos possam ter um posto de trabalho; e como o fim do trabalho precário, que nos anos de “prosperidade” capitalista os patrões impingiram a milhares de trabalhadores, em especial os jovens, para aumentar a sua taxa de lucro. Propostas contra a pobreza, como o aumento do salário mínimo e das pensões. Propostas como a nacionalização ou renacionalização de empresas que prestem serviços essenciais, como a Galp, a banca, etc.

Por que falar a verdade para as pessoas é dizer que no capitalismo não há uma solução de justiça social para o conjunto da sociedade, e que esta crise económica demonstra justamente isso. Que a solução para os trabalhadores e a sociedade é destruir esse sistema, combater os governos que o apoiam, e construir um governo de trabalhadores numa sociedade igualitária, verdadeiramente socialista. Que a unidade europeia que defendemos não é a unidade europeia do euro e do Banco Central Europeu, aquela que dá dinheiro para a banca, à custa de PECs para a população. É, sim, a união solidária entre os povos, e não entre os ricos.

É preciso, mais do que nunca, construir uma alternativa de esquerda para fortalecer essa luta contra o pacote de austeridade – e não sabotá-la como faz agora o candidato a candidato oficial do PS às presidenciais, Manuel Alegre.

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