Editorial

Intensificar e unir as lutas. Derrotar o PEC de Sócrates.

Aprovado o orçamento com o apoio da direita, o governo PS prepara a aplicação do PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento) para mais uma vez fazeros trabalhadores pagarem a factura da crise que foi produzida pelos grandes capitalistas e pelas políticasdos governantes que se têm sucedido. A receita e medidas do governo não são novas, copiam as que o governo grego está a querer aplicar, e são as habituais do capitalismo: diminuir o salário real, menos emprego, mais carga de impostos para a população, menos prestações sociais, menos saúde pública. Para os capitalistas, os planos são para “alargar o cinto” e conceder-lhes mais apoios do Estado, mais isenções e oferecer-lhes bons negócios, nomeadamentea privatização do que resta dos sectores lucrativos que o sector público ainda tem. Na Grécia, os trabalhadores e o povo estão a mostrar que resposta se deve dar a estes planos da UE/Governos. As greves gerais que já realizaram este ano, as muitas manifestações e ocupações de repartições públicas, em que se destaca a ocupação da imprensa nacional para que não fossem impressos os decretos do PEC, são exemplos da sua combatividade. Como dizem nas manifestações, primeiro que paguemos 80 armadores gregos que têm enormes fortunas acumuladas iguais a todo o PIB daquele país. Em Portugal, a situação dos capitalistas não é diferente, e veja-se o aumento das fortunas que tiveram Américo Amorim e Belmiro de Azevedo, durante o ano de “crise” de 2009 (que voltaram a entrar, e a subir, na lista dos mais ricos do mundo). O que não temos visto em Portugal é uma resposta sindical e política no caminho da resposta que estão a dar os trabalhadores gregos. Por cá, nem o movimento sindical, nem os partidos de esquerda se lançaram com tudo na luta contra este novo governo Sócrates, para impedir que se concretize esta grande ofensiva contra os salários e as pensões dos trabalhadores e dos reformados. Apesar dos escândalos que envolvem o governo e Sócrates na teia da corrupção e do “polvo” do poder, que noutro qualquer governo de direita já tinham motivado a sua queda, os dirigentes e parlamentares de esquerda reafirmamque querem ver o governo Sócrates a “assumir as suas responsabilidades de governar”, em vez de censurarem esta sua política e prática, e exigirem a sua demissão imediata. Para mudar o rumo e construir outra saída para a crise, uma saída favorável aos trabalhadores, ao seu emprego, ao seu salário, à sua segurança social e à defesa do sistema de saúde e ensino públicos, é preciso começar por derrotar a actual política e o actual governo. É preciso um plano de luta sindical que unifique os calendários e as mobilizações dos vários sectores públicos e privados. É preciso que no campo político se intensifique a unidade de esquerda na acção contra o governo, e que na campanha das presidenciais se consiga erguer uma candidatura demarcada do governo e da direita, e claramente opositora às actuais políticas orçamentais e ao PEC de Sócrates e Cavaco. Na esquerda, e particularmente no Bloco de Esquerda, este debate é necessário, e para isso já hoje decorre a exigência militante de uma Convenção para que a participação democrática no definir desta resposta seja realidade.

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