Esta greve geral de 14 de Novembro é uma iniciativa importante e deve ser a primeira de outras formas de luta que unifiquem os trabalhadores europeus, em especial aqueles mais castigados pelas medidas de austeridade da troika (BCE, FMI, CE), como os gregos, os espanhóis e os portugueses.
Mas a nossa luta contra a troika e o governo de Passos Coelho/Paulo Portas não será resolvida por uma única greve geral.
Prova disso dão os gregos, que já vão na 20ª greve geral desde que a troika interveio no seu país. Esta luta é muito dura e difícil porque nela está em jogo a manutenção ou destruição de conquistas históricas dos trabalhadores europeus no pós-Segunda Guerra Mundial e, no caso dos portugueses, no pós-25 de abril.
A burguesia europeia e o sistema financeiro estão a aproveitar-se da crise capitalista para nos retirarem esses direitos. E a nossa única alternativa é lutar – com todas as nossas forças – para impedir que isso aconteça. Nesse sentido, temos de destacar o exemplo dado pelos estivadores, cuja combatividade e busca de unidade mostram uma grande compreensão do que está realmente em jogo.
Apesar de a luta ser dura, ela tem demonstrado também que é possível obter vitórias. A gigantesca manifestação de 15 de setembro, a maior desde o 25 de abril, obrigou o governo a recuar na tentativa de fazer com que os trabalhadores financiassem parte da Taxa Social Única (TSU) devida pelos empresários. O governo também deu marcha atrás na tentativa de aumentar o IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis). Mas, logo a seguir, apresentou o Orçamento para 2013, que constitui o maior roubo fiscal de que o país tem memória e cuja implementação nos conduzirá a mais pobreza, desemprego e destruição da nossa economia.
Se eles não nos dão tréguas nós também não lhes poderemos dar tréguas. Depois da Greve Geral, devemos organizar novas manifestações e uma nova greve geral, de preferência mais longa e ainda mais radicalizada que a de 14 de novembro. Enquanto o governo não for demitido, a troika expulsa de Portugal e o memorando rasgado, os trabalhadores e a juventude não poderão respirar de alívio. Eles não vão parar enquanto não os pararmos.
E não será o PS – cúmplice do PSD na aprovação das medidas de austeridade e na negociação que trouxe a troika a Portugal – a alternativa de que precisamos após a mais do que provável queda do governo, desacreditado, inclusive entre setores da burguesia, pelo fracasso dos seus orçamentos e planos de austeridade. Sabemos o que o PS quer e até onde vai: renegociar com a troika prazos e juros para continuar a pagar a dívida e continuar a destruir, como fez José Sócrates, os direitos sociais.
Precisamos de uma alternativa, um governo de esquerda que proponha uma nova saída para a crise, rompendo com o memorando e com a troika, repondo direitos e salários, renacionalizando a economia destruída pela recessão e pela fúria privatizadora dos governos PS/PSC-CDS-PP e investindo na sua reconstrução.
É hora do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português constituírem uma plataforma de esquerda que apresente uma saída ao país, aos seus trabalhadores e à sua juventude. Este é o principal desafio imposto à esquerda. A este desafio responderemos positivamente – na medida das nossas forças – , apresentando propostas, como a suspensão do pagamento da dívida seguida de auditoria, nacionalização da banca e das empresas estratégicas e responsabilização criminal dos que roubaram e endividaram o país.
Todo o apoio à greve de 14 de novembro!
Fora o governo e a troika!
Por uma frente de esquerda que assegure as conquistas de Abril!
Editorial Ruptura nº126, Novembro 2012