Alunos protestam, Cavaco não aparece

Pouco antes das 10 da manhã eram cerca de 50 os estudantes (e duas carrinhas da PSP) que se concentravam diante da Escola Secundária Artística António Arroio.

 Tocou, então, para o fim do primeiro tempo: iniciava-se o protesto. Mais de duzentos estudantes ocuparam a rua diante da sua escola. De imediato a polícia fez com que todos atrevessassem para o outro lado da estrada, afastando-os da sua própria escola. Os alunos seguiram, pacificamente.


Por volta das 10h20, ouviram-se sirenes, e os estudantes, pensando que seria o presidente da República, gritavam pelo nome da sua escola, que, em conversa com os estudantes, o Ruptura veio a perceber que veem ameaçada por falta de condições (falta de material específico para certas disciplinas de artes, ausência de um refeitório, o fim do passe escolar, entre outras coisas). Mas Cavaco Silva não chegou.

Surgiu entre a multidão o rumor de que o presidente não apareceria. Os alunos esperaram pacientemente a sua chegada e, quando as palavras de ordem começaram a soar mais alto, ocuparam a rua e avançaram em coluna, dirigindo-se para o final desta, já com a confirmação de que ele não apareceria. Os polícias tentaram fazer um primeiro cordão, que não se mostrou eficaz, pelo que chegaram mais duas carrinhas da PSP, cujos polícias impediram, então, a passagem dos alunos.

Alguns alunos tentaram sentar-se, mas foram empurrados pelas autoridades até aos muros da escola, onde acabaram por ficar. Entretanto, alguns alunos foram impedidos tanto pela polícia como por funcionários de entrarem no recinto escolar e assistirem às aulas.

Ao virar a cara a esta situação, Cavaco não vira apenas a cara a uma manifestação; virou também a cara a uma carta redigida por alunos onde apresentavam reivindicações sobre o que seria necessário para poderem prosseguir os estudos com condições; virou a cara aos portugueses no mesmo tom com que deixou deslizar que a sua reforma não lhe chegava para pagar as contas; virou a cara à António Arroio, que sempre foi exemplo de uma escola democrática, ativa e participativa.

Manifestamos a nossa solidariedade para com os alunos da António Arroio, que continuam a lutar pelo futuro que nos roubam. Estudantes de Portugal, façamos como na Arroio: mais um grito de protesto!

Lisboa, 16/02/2012

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