Eleições no estado espanhol: povos das nacionalidades oprimidas derrotam as ambições da extrema-direita

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É  certo que o PSOE resistiu a uma perda eleitoral.  A distribuição de migalhas  (como Costa fez por cá) ajudou a evitar o pior. O PSOE subiu eleitoralmente, um milhão de votos mais precisamente (obtendo mais 2 deputados face a 2019). Mas o PP (direita “clássica”), lamentavelmente,  subiu mais três  milhões de votos e mais 47 deputados!

O que ajudou à  queda do conjunto da direita, ou melhor, o que impediu a subida da extrema-direita ao governo  de Espanha foi a queda abrupta (e bem vinda) do Chega de Espanha que dá  pelo nome de VOX. O VOX perdeu 635.235 votos e caiu dos 15% para 12,3% dos votos (perdendo 19 deputados). 

Para o PP e o VOX  e toda a direita neofascista espanholista, que esperavam a vitória, formar governo e ‘cantar de galo’, o sonho, por ora, esfumou-se. E porquê  o VOX perde tanto quando o próprio  governo do PSOE (o PS de Espanha) lhe abre ‘portas’ todos os dias governando no marco de um capitalismo que só  traz miséria, precariedade, perda de direitos, hecatombes climáticas  e apoios a guerras imperialistas?

O VOX perdeu e ajudou à impossibilidade de um governo  do PP (com o VOX) porque as suas causas reacionárias, desta vez,  tiveram o condão  de chamar ao voto milhares e milhares de jovens, trabalhadores , principalmente, das nacionalidades oprimidas em Espanha (com destaque para a Catalunha e o País Basco). As ameaças que a direita e a extrema-direita fizeram, sobre o que fariam (ainda pior que o PSOE) face à luta legítima independentista, travou o regresso dos nostálgicos da ditadura franquista ao governo do Estado espanhol. Só para se ter uma ideia, o VOX queria, se chegasse ao governo, ilegalizar o EH-Bildu do País Basco, bem como a CUP e a ERC na Catalunha, as principais forças políticas que lutam pela independência das respectivas nações.

Com efeito, no País Basco, a esquerda obteve 60,02% dos votos, quando tinha obtido 50,3% em 2019. Nesta nação a que lhes é negada o direito à autodeterminação, subiu o PSOE com mais 62.430 votos face a 2019; subiu o BILDU em mais 53.603 votos e superando até em deputados o PNV (partido nacionalista basco mas reflectindo mais os interesses económicos da classe dominante basca). 

Por sua vez, na Catalunha, é inegável a ajuda a derrotar um futuro governo das direitas com a extrema-direita. Senão vejamos. O PSC (versão catalã do PSOE) sobe dos 20,6% dos votos em 2019 para os agora 34,4%. Só num importante bairro popular (‘Nou Barris’) este partido obtém 43,5% dos votos. No total de Espanha, 15,6% dos eleitores do PSOE são catalães. E 1 em cada 8 eleitores dos ‘socialistas’ são de Barcelona. É certo que na Catalunha, quer a ERC e a CUP (pela esquerda) e o Junts de Puigdemont (pela direita), ainda  que lutem pela independência,  todos recuaram em votos e deputados, talvez porque os primeiros ao serem inconsequentes na luta anticapitalista o sejam também na luta independentista com os segundos. E o refluxo da luta independentista em Barcelona e no conjunto da Catalunha é uma evidência. Abrindo portas ao reforço do PSOE. 

O que compete a uma  esquerda revolucionária? Primeiro que tudo, não ser indiferente face aos resultados eleitorais (onde se adivinhavam os perigos maiores) e deveriam ter participado, mesmo com votos críticos em forças de esquerda (independentistas, por exemplo) e não a chamarem ao voto nulo ou à abstenção (como aconteceu em alguns casos). Por outro lado, a encontrarem caminhos para a luta de massas, construindo um programa anticapitalista mas que dialogue com as lutas dos trabalhadores das nacionalidades oprimidas.

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