No passado mês os estudantes travaram uma corajosa luta, ocupando escolas e universidades em protestos pelo clima e contra o lobby das petrolíferas fósseis no nosso governo, e denunciando o greenwashing da COP27. O MAS está completamente solidário com esta luta e vê as ocupações dos estudantes como um passo importante na construção de uma luta mais ampla pela sobrevivência da nossa espécie neste planeta.
Fora Costa e Silva!
Uma das principais bandeiras do movimento era a demissão do Ministro da Economia e do Mar – e antigo CEO da Partex Oil and Gas –, António Costa e Silva; principal responsável pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o qual desenhou de acordo com os interesses das petrolíferas que mais têm lucrado com a destruição ambiental. Exemplo disso é o novo gasoduto entre Portugal e França, bem como o plano de expandir a produção de hidrogénio apenas para injetá-lo na rede de gás “natural”, garantindo assim que continuamos dependentes dos combustíveis fósseis e, claro, das indústrias que lucram com esta catástrofe. Outro exemplo é a mineração de lítio, que destruirá os nossos ecossistemas e contaminará as nossas águas para produzir baterias que, passado 10 anos, irão amontoar-se em enormes aterros.
Um PRR para a transição energética!
Temos exigido, por parte do MAS, a “transição energética, já”. Isto significa, por exemplo, um PRR que invista no futuro e não na destruição do planeta. Portugal tem das casas mais frias da Europa e, especialmente neste período de crise energética, combater a pobreza energética deve ser uma prioridade para o PRR. Para isso, precisamos que o PRR invista na reabilitação para o aquecimento das casas.
Mas precisamos também da planificação da nossa floresta para conter os grandes incêndios que nos assolam anualmente, ao invés de canalizar mais dinheiro para as celuloses que os agravam. Queremos soberania alimentar e produzir localmente a alimentação para todos, em vez de produzir framboesas com trabalho semi-escravo. Queremos mais ferrovia e não um novo aeroporto que serve apenas para prender o nosso país ao turismo. Queremos recuperar o nosso tecido produtivo e construir uma economia verde, que reforce a nossa rede de transportes públicos. Queremos hidrogénio verde para impulsionar essa indústria, e não para branquear a cara às petrolíferas. Queremos a nacionalização das energéticas, para colocá-las a trabalhar já na transição energética, assegurando a requalificação e contratação dos trabalhadores dos setores poluentes.
Fim à repressão policial!
O Estado e a polícia, como sempre, protegem os criminosos que lucram com a destruição do planeta e prendem ativistas que lutam para o salvar. Precisamos construir também redes de solidariedade contra a repressão policial.
O Estado tem iniciado uma campanha de criminalização de ativistas porque sabe que não tem medidas reais para resolver o problema das alterações climáticas. Por isso, mantém-se não só a necessidade de apoiar todos os ativistas detidos, como também de lutar pelo direito a manifestar-se livremente, direito que achávamos já estar garantido desde o 25 de Abril de 75.
A luta não pode parar
Infelizmente, foi anunciado que as ocupações estudantis irão ficar pausadas até à primavera. Mas, para construir um movimento mais forte e levar esta energia para outras escolas – e até locais de trabalho – é preciso garantir a continuidade das ações. É preciso manter as assembleias para que sejam os estudantes ativistas a decidir o futuro do movimento e como expandi-lo, bem como fazer distribuições e cursos noutras escolas, para os convencer a juntarem-se à luta. Precisamos de estar a trabalhar para uma manifestação nacional, contra o lobby das petrolíferas no governo e contra a repressão policial do Estado.