… Mas o mau funcionamento do sistema de voto electrónico impede milhares de bancários de exercerem o seu direito de voto.
Os resultados das eleições, divulgados a 15 de Abril, pelos dirigentes do Sindicato dos Bancãários do Sul e Ilhas (SBSI) (MECODEC), apresentam 37% para a lista B (apoiada pelo MUDAR) com 4.500 votos, e 59% para a lista A (PS/PSD) com 7.000 votos. Estes resultados não reflectem a contestação existente nos bancos em relação à actual direcção sindical do PS/PSD, e estão a ser contestados pela Lista B, pois milhares de bancários foram impedidos de votar devido ao mau funcionamento do voto electrónico, a principal via de votação nestas eleições.
Assim, o número de votantes diminuiu face às eleições de 2007, onde tinham votado 15.300 sócios. Agora esperava-se um número bem maior, mas o total de votantes foi 11.900, menos 3.400 do que em 2007, em vez de se subir para os mais 3 ou 4 mil que eram esperados. O SBSI tem 47.269 sócios e só 25% participaram nestas eleições, uma percentagem inferior ao habitual.
Lista B vence no voto presencial
A Lista B venceu nas mesas de voto presencial de 11 das 17 secções sindicais de empresa do SBSI. No Santander Totta, BPN, BBVA, Banco Popular, Banco Portugal, BES, BPI, Barclays, CCAM, Montepio e Interempresas venceu a lista B no conjunto das mesas de voto colocados nos edifícios centrais dos respectivos bancos.
A lista B é a lista alternativa que se opõe à coligação PS/PSD que já dirige o SBSI há 12 anos. A lista B defende a democratização do sindicato, opõe-se às políticas dos PEC’s e de subserviência a banqueiros e governos, e apresenta um programa de mobilização dos bancários contra as ameaças de despedimentos, em defesa do emprego com direitos para acabar a precariedade, pelo reforço da banca pública e em defesa dos salários e dos SAMS nas mãos dos bancários.
Reflectindo uma intervenção combativa, as listas do MUDAR alcançaram a maioria absoluta nos Secretariados Sindicais, órgãos de representação proporcional entre todas as listas concorrentes, no Banco Santander Totta e no BPN. Nas Regiões, o MUDAR obteve maiorias absolutas em Tomar e Castelo Branco. Outras listas apoiantes da lista B também alcançaram maiorias absolutas nos secretariados do BBVA, Banco Popular, Barclays, BPI e Interempresas. No SBSI, em alguns Secretariados concorreram 5 listas reflectindo uma intensa disputa entre todas as tendências sindicais.
Voto electrónico distorce resultados
A proposta de votação electrónica foi o argumento dos dirigentes do SBSI para acabar com 700 mesas de mesas de voto espalhadas pelos balcões dos bancos. Os sócios confiaram na possibilidade de votarem com facilidade via Internet; por isso nestas eleições em todas as regiões do SBSI houve apenas 1.400 votos por correspondência (em vez dos habituais 4 a 5.000 na totalidade do SBSI). A direcção sindical do PS/PSD reduziu as mesas de voto presenciais ao mínimo e houve distritos inteiros com apenas 1 Mesa de voto (caso de Évora e região da Madeira), e a maioria dos distritos tinha menos de 5 mesas de voto. Em Lisboa, as Mesas de Voto nem sequer abrangiam todos os grandes Edifícios dos Bancos, e tinham o horário de funcionamento reduzido em relação aos anos anteriores.
Neste quadro, o mau funcionamento da votação electrónica foi catastrófico para uma participação dos bancários que queriam participar na mudança do sindicato. Os sistemas informáticos do BCP, CGD e BPN não permitirem a votação electrónica. Em muitos subsistemas de outros bancos também não foi possível votar (Edifícios Centrais do Montepio, algumas Caixas Agrícolas), em muitas redes de balcões dos outros bancos e a opção por “votar em casa” também estava condicionada por vários problemas técnicos.
Todos estes factores levaram ao impedimento prático de milhares de bancários de exercerem o seu direito de voto pelos canais que tinham sido noticiados, e esse impedimento afectou claramente a votação na lista B. Ao contrário, a lista A apoiada pelos dirigentes do SBSI, conhecedora destes problemas “técnicos” que a votação iria ter nos sistemas dos bancos, utilizou computadores portáteis e um aparelho de profissionais da estrutura sindical para fazer recolha de votos durante o primeiro dia de votação, violando as regras do acto eleitoral.
Todas estas irregularidades verificadas afectam claramente a democraticidade da votação e por isso a Lista B já apresentou recurso para impugnação do acto eleitoral e exigência da sua repetição em condições que garantam o seu funcionamento democrático e universal para todos os sócios.
João Pascoal (candidato pela lista B)