Renata Cambra, professária precária, canidata do MAS

Legislativas 2022, o que todos os professores deveriam saber antes de votar?

As eleições aproximam-se e agora todos partidos dizem estar ao lado da classe docente. Mas será que não passa de propaganda oportunista eleitoral?

Durante 2018, um conjunto de professores promoveu uma Iniciativa Legislativa Cidadã (ILC) – sem qualquer conotação partidária ou sindical – para a contagem de todo o tempo de serviço para todos os docentes. Desde o início, a ILC foi fortemente atacada por destacados dirigentes dos sindicatos tradicionais e pelo próprio parlamento, que a tentou inviabilizar de uma forma ignóbil. Perante um poderoso ataque a uma iniciativa de professores – com mais de 20 000 subscritores – quais os partidos ou os dirigentes das “novas” forças partidárias que estiveram ao lado dos professores? Na verdade poucos professores saberão qual foi o único partido que esteve ao lado da ILC…

Mas será esse exemplo um caso isolado?

Infelizmente não. Senão vejamos, como é público, em 2018, os professores realizaram possivelmente a greve na Educação com mais impacto, levando o Ministério da Educação (ME) a fazer intensos ataques ao direito à greve e às férias docentes. Essa forte greve às avaliações que teve início a 4 de junho foi fortemente atacada não só pelo ME mas também por outros sindicatos tradicionais docentes, além de estrategicamente silenciada pelos principais meios de comunicação social pelo menos até dia 15 de junho. Novamente, perante intensos e ignóbeis ataques a esta greve – com forte impacto nos anos de exame – , quais os partidos que estiveram ao lado dos professores (em particular de 4 a 15 de junho de 2018) contra o governo ou quem esteve com silêncios cúmplices?

Infelizmente nenhum partido parlamentar – nem os atuais dirigentes das novas forças partidárias tão apoiadas por alguns dos principais media -, nestas alturas tão importantes, se posicionaram ao lado dos professores e da sua legítima luta, nomeadamente, em defesa da contagem integral do seu tempo de serviço. Nem mesmo os grandes partidos da esquerda parlamentar (PCP e BE), que além de terem viabilizado durante os últimos anos o governo de António Costa sem qualquer exigência mínima para uma mudança significativa na Educação, mantiveram um silêncio ensurdecedor com nenhuma referência/apoio à greve dos professores de 4 a 15 de junho – ou da própria ILC quando estava a ser brutalmente atacada -, contrastando com um apoio evidente apenas à greve a partir de 18 de junho até 13 de julho dos sindicatos tradicionais – curiosamente essa greve dinamizada pelos sindicatos tradicionais, como não questionou os anos de exame, nunca foi atacada pelo ME. Infelizmente, o partido LIVRE não teve uma postura estruturalmente diferente do BE e PCP.

Mais uma vez o único partido que esteve ao lado dos professores nessa greve e pela ILC foi o Movimento Alternativa Socialista (MAS) como se pode comprovar nas ligações seguintes:

Apoio do MAS à ILC: https://mas.org.pt/index.php/2018/09/26/o-mas-apoia-a-iniciativa-legislativa-cidada-dos-professores/

Apoio do MAS à greve dos professores: http://mas.org.pt/index.php/2018/06/13/convocada-pelo-stop-greve-de-professores-em-centenas-de-escolas/

Mas então porque é que a maioria dos professores desconhece estes factos e alguns, profundamente desiludidos pela acção de todos os partidos parlamentares, até dizem (nas redes sociais) ponderar abster-se ou votar mais à direita?

Provavelmente a maioria não conhece o MAS porque para os poderosos – e os principais media que estes controlam – só convém divulgar o que lhes interessa. Por isso também se nota uma desproporção abismal entre a cobertura mediática que se dá aos grandes e os chamados pequenos partidos. Naturalmente, cada professor decidirá o que fazer nas próximas eleições mas pelo menos que o faça sabendo estas verdades inconvenientes para muitos.

Votar nos partidos mais à direita, apesar da sua narrativa supostamente anti-sistema, é aprofundar ainda mais os ataques à Escola Pública e a quem lá trabalha, como ficou evidente por exemplo no programa eleitoral de 2019 do CHEGA onde este defendia a privatização dos serviços públicos como a Educação e a Saúde, veja-se no Polígrafo:

https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/programa-do-chega-defende-privatizacao-de-hospitais-escolas-vias-de-comunicacao-e-meios-de-transporte

Também há docentes que falam em abster-se como forma de protesto… Uma coisa é certa, se a abstenção resolvesse alguma coisa, já há muito que estaríamos melhor. Não nos esqueçamos das últimas eleições europeias com quase 70% de abstenção e em que tudo ficou como antes… E votar branco/nulo ou escrever algo como “sou professor”?…. Apesar de compreendermos a indignação, se repararmos, isto na prática favorece os poderes instituídos, na medida em que assim, os mesmos de sempre precisarão de menos votos para ganhar a maioria dos lugares de poder continuando assim as mesmas políticas (des)educativas.

Se queremos que o nosso voto dê mais voz/força a quem efetivamente tem estado ao lado dos professores e de outros trabalhadores contra os poderosos interesses instituídos, há já uma alternativa. 

Essa alternativa nas próximas eleições legislativa é dirigida, provavelmente pela primeira vez na história, por uma professora precária que denuncia os privilégios da classe política e dos banqueiros que afundam o país. Também foi a única candidata que, nos debates entre candidatos desta semana, falou da Escola Pública defendendo a contagem do tempo de serviço docente, sendo totalmente coerente com o que o MAS tem feito nos últimos anos (e não apenas em períodos eleitorais).

Dizem que todos os partidos são iguais MAS há um diferente!

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