A greve geral de 24 de Novembro convocada pela CGTP e a UGT foi uma decisão importante para a classe trabalhadora portuguesa. Construir uma greve geral forte, a partir da mobilização e organização nos nossos locais de trabalho, é a principal tarefa de todos os activistas nos dias que a antecedem. Mas é preciso que todos nós saibamos que ela, por si só, não terá capacidade de impedir que o novo Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC 3), configurado no Orçamento de Estado para 2011, seja aplicado. A greve geral deve ser encarada como um primeiro passo – importante, determinante – na luta contra o PEC 3. Mas não pode ser o único.
Não pode ser o único porque os inimigos dos trabalhadores são muitos – grandes empresários, banqueiros, governo PS/Sócrates, PSD/Passos Coelho, Comissão Europeia e FMI – e estão determinados a acabar de vez com todos os benefícios sociais que ainda nos restam: escola e saúde públicas, Segurança Social, ajuda aos mais necessitados, empresas públicas, etc. Para derrotar os planos de austeridade, é preciso que as nossas formas de luta sejam cada vez mais eficazes e fortes – com manifestações de milhões nas ruas como em França, com uma nova greve geral e, inclusive, com uma greve geral por tempo indeterminado, para obrigar o governo, seja ele do PS ou do PSD, a recuar ou demitir-se, caso não satisfaça as nossas reivindicações.No nosso plano de lutas não devemos esquecer o facto importantíssimo de que não estamos sós. Assim como a burguesia europeia está unida para nos derrotar nesta verdadeira guerra social, contamos com os nossos aliados, a classe trabalhadora e os povos europeus. Também eles estão a enfrentar esta guerra em seus países. Com eles devemos planear acções unitárias, como uma greve geral europeia contra os PECs. Só ultrapassando as fronteiras nacionais e internacionalizando a nossa luta poderemos realmente ser vitoriosos.
Outra frente de batalha importante tem a ver com a conquista da consciência da população. O governo e a burguesia, através dos seus media, fizeram uma campanha maciça para convencê-la de que os cortes nos salários, apoios sociais, na saúde e educação e o aumento de impostos previstos nos PECs eram inevitáveis. Isto é, tentaram convencer a população de que são necessários sacrifícios para poder acabar com a crise. Temos de realizar uma gigantesca contra-campanha a mostrar que tudo isso não passa de uma grande mentira.
Enquanto nos roubam salário, emprego, saúde e educação, os bancos continuam a aumentar os seus lucros, especulando com a dívida pública do país. Os quatro maiores bancos portugueses aumentaram os seus lucros em 2010: por dia, cada banco ganhou 4 milhões de euros. E não é tudo: apesar do terrorismo feito pelo governo e pela burguesia de que se o OE não fosse aprovado Portugal estaria falido, os juros não baixariam e viria aqui o FMI, a realidade é que, mesmo após o acordo com o PSD para viabilizar o OE, os juros continuam a subir – e a dívida pública, consequentemente, a aumentar. E a verdade é que o FMI não precisa vir a Portugal porque o governo está a aplicar receita idêntica a que este organismo internacional prescreveria.
Não vamos pagar pela crise do capitalismo. Lutaremos para que sejam os ricos a fazê-lo! Todos na manifestação de 6 de Novembro da Função Pública; de 17 de Novembro dos estudantes; de 20 de Novembro contra a NATO e construamos uma forte greve geral. A primeira de um calendário de lutas para derrotar – e não somente protestar – contra o PEC 3.