Guaidó não é solução!Travar Trump na América Latina!

O imperialismo volta a atacar. Na organização dos Estados Americanos (OEA), no mesmo dia da tomada de posse de Maduro, seguindo a política intervencionista habitual dos governos norte-americanos, 19 governos declaram ilegítimo o novo Governo de Maduro. Posteriormente, a oposição reaccionária, em maioria na Assembleia Nacional,  declara também ilegítima a presidência de Maduro. E o presidente interino seria o deputado e Presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó.

Guaidó, foi o homem que Trump arranjou para cumprir os seus objectivos. E não podiam ser mais claros: espoliar de forma ainda mais violenta os recursos petrolíferos da Venezuela (um dos maiores produtores do mundo) de forma a aumentar significativamente os lucros das multinacionais norte-americanas lá instaladas (Shell, Total, Repsol, entre outras). A ingerência (mais uma!) dos EUA na política de países soberanos deve ser fortemente repudiada. Defendemos intransigentemente o direito do povo venezuelano decidir o seu futuro, seja ele com Maduro ou sem, mas jamais poderemos permitir que seja Trump e os governos a ele subservientes a decidir a vida dos venezuelanos.

O povo venezuelano vive numa situação catastrófica. Fome e falta de medicamentos básicos são o quotidiano. Os preços sobem de forma galopante e os pequenos aumentos salariais recém-anunciados (6 dolares) são rapidamente “engolidos” pela inflacção. O Governo Maduro aplica um brutal plano de austeridde sobre os trabalhadores. O discurso radical do “socialismo do século XXI” e dos discursos anti-imperialistas  não teve correspondência prática. Os trabalhadores da venezuela que hoje tentam fugir à fome, enquanto a burocracia do PSUV e sectores da burguesia venezuelana, fieis a Chavez&Maduro, viveram durante todos estes anos faustosamente à custa do petróleo e do gás. E alimentaram os lucros fabulosos das multinacionais do sector (com as americanas à cabeça).

“Diga a todos nos Estados Unidos que estamos prontos para fazer bons negócios”, afirmou Maduro, dirigindo-se ao presidente de uma petrolífera norte-americana com quem acabava de fechar negócio. E se ao povo que o elegeu Maduro mente e mentiu, aos imperialistas falava a verdade. Vejamos a venda de títulos da PDVSA (empresa petrolífera)  que o Governo Maduro fez à Goldman Sachs, em 2017, com promoção de 69%.

Repudiamos os ataques que o Governo Maduro (e também o de Chavez) fizeram a activistas  sindicais, tendo sido perseguidos e presos. Reprimiriam violentamente manifestações e greves. Mas sempre com um discurso “anti-imperialista”, criando uma enorme confusão nos trabalhadores e oprimidos venezuelanos.

É necessário construir uma resposta da classe trabalhadora para barrar a subida ao poder da direita reaccionaria Guaidó/Trump e  manter total independência política face ao Governo Maduro. É preciso unir todos os movimentos sociais e organizações de esquerda para impedir que o imperialismo acentue a exploração sobre a Amércia Latina. É necessário um plano de emergência para aumentar significativamente os salários e pensões e importação urgente de alimentos e medicamentos para que todos os trabalhadores possam sair da situação trágica em que vivem. Mas para isso é necessário alterações estruturais, que Maduro e Chávez não tiveram coragem de fazer, e que a direita venezuelana lutará até à ultima para que não aconteçam. Não pagamento da dívida externa e nacionalização de toda a banca venezuelana. Para além disso, é necessário colocar a PDVSA sob o controlo democrático dos seus trabalhadores e do povo venezuelano. Só assim é possível canalizar dinheiro para um sério programa de transformação produtiva que permita retirar a Venezuela da dependência petrolífera.

Não reconhecemos qualquer “legitimidade” nas “boas intenções” dos governos imperilistas. A UE vira as costas aos imigrantes que fogem da guerra e da miséria, que ela própria ajudou a criar, deixando-os naufragar no mediterâneo. Os EUA deixaram um lastro de pilhagem, destruição, mortes e violações pelos países que ocuparam. Sempre com os mesmos interesses, e sempre com justificativas “legítimas” .

Não à ingerência imperialista na Venezuela!

Venezuela é soberana! Trump e UE fora da América Latina!

 

Artigo de Pedro Castro

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