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Entrevista com Osório Sousa: Abaixo a perseguição sindical no Porto de Leixões!

Os estivadores, sócios do Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística (SEAL), têm sido alvo de perseguição sindical, uma práctica completamente ilegal e abjeta. Os estivadores têm feito greves às horas extraordinárias contra esta discriminação de que são alvo.

A vitória em Setúbal contra a Precariedade que os estivadores arrancaram, com determinação e sacrifício, aos patrões e ao Governo são a prova de que é possível vencer. O Governo e os patrões temem os estivadores porque não podem permitir que greves radicalizadas, com precários e efetivos, com democracia de base, tão rara no sindicalismo de hoje, se espalhem pelo país.

 Após a conquista de Setúbal, estivemos à conversa com Osório Sousa, associado do SEAL, no porto de Leixões.

Em Setúbal, o Governo PS mandou a polícia intervir para romper o piquete de greve. Que ilações podemos retirar deste episódio?

Eu gostava de ter visto a polícia a levar gente para substituir o Governo! Prestaram um péssimo serviço ao país. Retiraram-nos os nossos direitos, enquanto trabalhadores, enquanto cidadãos. Mas aquilo é a polícia ou é a PIDE? Ainda nos dizem que vivemos num Estado de direito!

 Como é o dia-a-dia dos estivadores, sindicalizados no SEAL, em Leixões, e como são as suas condições de trabalho?

Os estivadores que estão sindicalizados no SEAL são vítimas de uma perseguição brutal. Foram retirados dos seus locais de trabalho, que ocupavam há vários anos. Os estivadores que tinham trabalhos especializados, agora passaram a fazer as tarefas mais básicas do porto. Foi-lhes retirado todo o trabalho suplementar. Os estivadores que não se quiseram inscrever no sindicato local sabem que vão ser alvo de represálias. Os estivadores que se inscrevam no sindicato são obrigados a pagar uma “jóia” de 500 euros. Muitos não querem, porque sabem que “sindicato” é este, e acabam por ser excluídos.

Podes explicar-nos que sindicato local é esse?

Bom, na verdade nem deveria ser considerado um sindicato. É de um dos administradores da empresa que gere o porto, que continua sócio desse mesmo sindicato. Só faz o que o patrão manda. Continua a filiar novos trabalhadores, para que estes possam continuar sem quaisquer direitos. O sindicato funciona como uma ferramenta do patrão para ter o total controlo da mão-de-obra. É para transformar trabalhadores em escravos, de graça. Nada mais.

Sempre que os estivadores estão em luta, surgem as notícias dos supostos altos salários de quem trabalha na estiva… Isto tem alguma correspondência com a realidade?

Isso é totalmente mentira. Trabalho aqui há 14 anos e posso mostrar o meu recibo de vencimento. Pouco dinheiro para a dureza e a exigência do trabalho. Existe uma discrepância grande entre os estivadores mais novos e os mais velhos. Em determinada altura, nós levantámos essa questão ao patrão, que se limitou a dizer “nascessem mais cedo”. Ou seja, como se as novas gerações tivessem que estar condenadas aos baixos salários e precariedade. O 25 de Abril aconteceu para as pessoas terem direitos. No entanto, cá dentro, os patrões dizem que quem faz as leis são eles… Mas nós estamos determinados em provar o contrário.

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