No dia 25 de Novembro celebra-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Esta data destina-se a alertar e denunciar a violência exercida contra as mulheres em todo o mundo e exigir e reivindicar políticas para a sua real erradicação.
A data foi escolhida em homenagem às três irmãs Mirabal (Patria, Minerva e Teresa), activistas políticas da República Dominicana, que foram brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Trijullo em 1960.
Esta data é celebrada na América Latina desde 1981, tendo sido iniciada pelo movimento feminista latino-americano de modo a relembrar e homenagear as irmãs Mirabal.
Em 1999 a Assembleia Geral das Nações Unidas junta-se a esta homenagem declarando o 25 de Novembro como o dia Internacional para a Eliminação da violência contra a Mulher, convocando governos, organizações internacionais e organizações não-governamentais a realizarem anualmente actividades para a sensibilização da opinião pública sobre esta problemática. Sabemos que há muito caminho pela frente no que toca à erradicação de todas as formas de violência contra a mulher e que não basta ter um dia de sensibilização, para depois passar só restantes 364 dias do ano a ignorar os problemas, a aplicar políticas que afetam diretamente as mulheres e a perpetuar o machismo.
A violência de género é um problema estrutural e sistémico da sociedade em que vivemos e está presente em todas as vertentes: física, sexual, psicológica, económica, cultural, na desigual relação entre homens e mulheres e nos diferentes papéis atribuídos, tanto na vida pública como na privada.
Basta olhar para os dados:
– Nos casos de violência doméstica mais de 80% das vítimas são mulheres,
– Quase metade das mulheres assassinadas são mortas por um parceiro ou ex-parceiro,
– Mutilação genital feminina é realizada em cerca de 3 milhões de meninas e mulheres por ano,
– Por ano, em média, 17 milhões de meninas casam-se quando ainda são menores de idade.
– Por ano, cerca de 5 mil mulheres são mortas por os chamados crimes de honra. Crimes de honra são homicídios de mulheres jovens ou adultas, a mando da própria família, por alguma suspeita ou caso de transgressão sexual ou comportamental, como adultério, recusa de submissão de casamentos forçados, relações sexuais ou gravidez fora do casamento, mesmo que a mulher tenha sido violada, com o intuito de não “manchar o nome da família”,
– Em média, a diferença salarial entre homens e mulheres é de 23%,
– Em todo o mundo 52% das mulheres economicamente activas já sofreram assédio sexual no ambiente de trabalho.
– 70% de todas as mulheres do planeta já sofreram ou sofrerão algum tipo de violência de género em pelo menos um momento das suas vidas, independentemente da nacionalidade, cultura, religião ou condição social.
Neste 25 de Novembro vamos sair à rua e lutar contra a violência machista que nos discrimina, agride, cala, mutila, tortura, viola, trafica e mata e vamos exigir dos governos e instituições medidas reais e efetivas que permitam combater toda e qualquer forma de violência. Ocupamos as ruas também para questionar este sistema em que vivemos que não só permite as várias formas de violência contra a mulher como as alimenta e se alimenta das mesmas! Sabemos que nós, mulheres trabalhadores, precárias, estudantes, mães, negras, imigrantes somos afetadas de forma muito particular pelas crises económicas, sociais e políticas. Somos das primeiras a ser despedidas, as que ocupam os setores mais mal pagos, responsáveis pelo trabalho, pela casa, pelos filhos e pelos parentes dependentes. Sentimos que recai sobre os nossos ombros um peso tremendo e estamos fartas.
Vamos sair à rua e lutar por todas as mulheres que já lutaram, por todas as que não podem lutar, por todas as que já morreram, e que em Portugal só este ano foram 21! Saímos às ruas para reivindicar vidas livres de todo tipo de opressão e as nossas vozes não vão ser silenciadas.
Este 25 de Novembro saímos à rua com todas as mulheres de todo o mundo, preparando-nos também para uma greve internacional de mulheres no 8 de Março de 2019, porque, como diz Audre Lorde, nenhuma de nós será verdadeiramente livre enquanto todas não o forem!
Queremos um combate efectivo à violência, com a punição efectiva dos agressores. Basta de penas suspensas!
Queremos creches públicas e gratuitas em todo o país!
Queremos salário igual por trabalho igual!
Queremos o combate ao assédio moral e sexual nos locais de trabalho!
Exigimos 0,5% do Orçamento de Estado para um plano nacional de combate ao machismo!
Teresa Alho