O Bairro da Torre é um dos, ainda existentes, “bairros de barracas” da Grande Lisboa, situado em Camarate, no Concelho de Loures, mesmo junto à pista do Aeroporto de Lisboa. Desde que ocorreu o incêndio do passado dia 22 de julho, as condições de vida dos seus habitantes têm ido de mal a pior.
Chegam agora a níveis equiparáveis à pior degradação humana: lixeiras a céu aberto, poluição sonora e do ar, devido ao aeroporto, inexistência de saneamento e de eletricidade são apenas alguns dos graves problemas vividos pelos seus habitantes, quase exclusivamente, pessoas de origem são-tomense, guineense e também de etnia cigana. Tudo isto sob a governação de Bernardino Soares (CDU).
De facto, apesar de o Presidente da Câmara Municipal de Loures ter lamentado os efeitos nefastos do fogo, que deixou cerca de 35 pessoas desalojadas, e de prometer uma solução para breve, o certo é que pouco ou nada foi feito para desagravar a vida destes habitantes desde que Bernardino Soares assumiu a liderança desta autarquia.
Além disso, nas soluções que Bernardino preconiza, prevê-se que um eventual realojamento será feito à custa de uma separação forçada da comunidade que pouco mais tem que o forte espírito de união que a vai mantendo viva. Não existe “nem a curto, nem a médio prazo forma de os manter a todos juntos”, diz o autarca ao Diário de Notícias.
Será esta a melhor opção para lidar com uma comunidade que, ainda que viva todos estes problemas além do elevado nível de pobreza, faz da coesão a sua força? São imensos os exemplos de solidariedade entre os moradores: “aqui criaram laços de amizade. E como uns trabalham outros não, apoiam-se. Não passam fome”, refere, também ao DN, José Salvador, um missionário que apoia esta comunidade.
Neste sentido, o MAS exige que sejam garantidas, urgentemente, no Bairro da Torre:
– Realojamento de todas as pessoas desalojadas pelo fogo;
– Restabelecimento dos serviços de eletricidade e saneamento básicos;
– Limpeza da lixeira a céu aberto;
A médio prazo exige-se uma solução para o realojamento digno de toda a comunidade, com participação da própria comunidade. Esta é a melhor forma de integrar as comunidades completamente empurradas para a segregação e pobreza.
André Leal