Embora o petróleo seja conhecidamente uma fonte de energia poluente e cada vez mais conhecido como uma energia do passado (a grande energia do século XX), tal como o carvão foi a do século XIX, não é incomum ouvirmos falar de novas descobertas de petróleo. Novas jazidas, novos furos, novas formas de extracção (por exemplo: Fracking), é o dia-a-dia ainda hoje. Em Portugal, desde os anos 30 que existiram pesquisas pela existência de petróleo, pesquisas que foram goradas sucessivamente. Essas tentativas decorreram principalmente entre o final dos anos 30 e os anos 60, entre 1973 e 1979 e entre 1999 e 2002. Em 2007 (governo Sócrates) houve um incremento nessas pesquisas, sendo assinados nada menos do que 12 contratos de concessão. Sendo que as últimas concessões lançadas decorreram quase anualmente durante dos anos do último governo. E assim chegamos a 2018, em que em Portugal se fala da possibilidade da extracção de petróleo em zonas costeiras.
Esta exploração autorizada pelos anteriores governos e a que foi dada continuidade pela actual Geringonça, é tão mais grave não só pelos efeitos económicos e sociais que pode gerar às zonas costeiras, como sobretudo pelos efeitos ambientais. Cláusulas de não obrigatoriedade de avaliação de impactos ambientais são algo que quase inacreditavelmente existe nos contratos de concessão e exploração, sendo assim perfeitamente possível que futuros desastres com todas as suas consequências venham a acontecer.
O actual governo, a 8 de Janeiro deste ano, veio prolongar a pesquisa de petróleo em Aljezur, contrariando todas as convenções ambientais que prevêem uma energia mais limpa e contrariando claro está todo e qualquer bom senso. Mas quem diz que isto se rege pelo bom senso, pois o que rege todo este processo é o interesse económico. Não o interesse económico do país, dos trabalhadores, mas o interesse económicos das grandes corporações nacionais e internacionais, que neste caso em específico são o consórcio Italo-Português ENI-GALP. Pois, caso já não fosse gravoso a simples pesquisa e possibilidade de exploração de petróleo na costa Portuguesa, os valores que serão pagos ao Estado Português são absurdamente baixos, rondando entre os 6 e os 8%.
Além de representar um grave perigo para a economia local e saúde inclusive dos residentes na zona, existe outro perigo que acaba por ser algo posto para segundo plano, mas tendo em conta o histórico do país, deveria ser posto em primeiro plano. Aljezur fica numa das sete falhas sísmicas activas no Algarve, não é preciso ser nenhum vidente para percebermos o que poderá acontecer com a perfuração do subsolo marítimo e posterior exploração de petróleo. Uma possível catástrofe sísmica poderá estar em cima da mesa, e as suas consequências serão imprevisíveis, não restando nada mais às empresas detentoras da concessão e governos que as negociaram as habituais lamentações pelas tragédias e as condolências às famílias.
Por isto tudo é preciso parar a exploração de petróleo em Aljezur e em Portugal no geral. Este sábado, às 15h na Praça Luís de Camões em Lisboa haverá manifestação para enterrar de vez o furo, é preciso dizer não, é preciso parar esta insanidade, é preciso obrigar o governo a revogar as concessões.
O Movimento Alternativa Socialista diz:
– Revogação de todas as concessões sem direito a indemnizações!
– Por uma política de energia limpa!
– É possível tornar Portugal um exemplo na área das energias limpas e dar emprego e saúde às populações.