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Trabalhadores da OGMA denunciam insuportáveis condições de saúde

Divulgamos aqui o boletim de um grupo de trabalhadores das OGMA, Juntos Lutamos Mais Alto, que, na passada semana, denunciou a forma como a empresa lidou com a contaminação de um produto químico que originou problemas de saúde em vários trabalhadores, bem com a situação geral de desprezo pelas condições de trabalho e do racionamento de custos tão básicos como luvas de latex.

Desde a passagem das OGMA a Sociedade Anónima, em 1994, e da sua privatização, em 2005, pelo Governo PSD/CDS-PP, que os trabalhadores desta empresa só perderam direitos. De uma empresa com rendimentos acima da média, onde muita gente da região desejava trabalhar, passou a ser sinónimo de precariedade, desrespeito, nepotismo, salários abaixo do custo de vida, e de confortáveis e bem remuneradas posições de gestão para figuras próximas ao mesmo partido que vendeu as OGMA por €10 milhões, rejeitando uma proposta de €40 milhões da TAP: o CDS/PP. De lembrar que, desde 2005, as OGMA já lucraram várias dezenas de milhões. €11 milhões só em 2016. A luta destes trabalhadores não pode ficar por aqui. É preciso lutar por um Acordo de Empresa mais justo do que o actual, negociado pelo SITAVA, em 2012, contra a vontade da maioria dos trabalhadores, e que desde então foi sendo imposto paulatinamente a todos os novos trabalhadores.

Todos os problemas laborais, inclusive as questões de saúde e segurança, são tanto maiores quanto maior é a precariedade. É preciso lutar em todas as empresas para que o Governo PS cumpra com as expectativas que tem gerado e reponha todos os direitos que nos foram retirados pela direita. É necessário repor o valor das compensações por indemnização, a caducidade dos contractos colectivos, o valor das horas extraordinárias, e especialmente contrariar a legislação que permite que as empresas façam contractos temporários para posições permanentes, nomeadamente, através do fim de milhares de empresas de trabalho temporário de fachada. É necessário que a ACT tenha mais poderes e mais financiamento. Não esqueçamos que o Estado português, através da EMPORDEF, ainda detém 35% das OGMA.

Que defesa estamos a ter nós da parte do Governo PS? Onde está o nosso PREVPAP? A esquerda e o movimento sindical não se pode ficar pela denúncia do Governo PS e da sua insensibilidade face aos problemas dos trabalhadores. É preciso lutar hoje para que este governo reverta estas medidas contra os trabalhadores, sem confiança alguma nas boas intenções e no pragmatismo do Ministro Vieira da Silva e das Confederações Patronais.

 

“A nossa saúde não tem preço!

Na passada semana vários trabalhadores nas Montagens de Estruturas tiveram de ir ao posto médico por terem as palmas das mãos completamente vermelhas e inflamadas, e alguns a sentirem tonturas e dores de cabeça. A causa: um lote de MEK contaminado, solvente utilizado quotidianamente na secção. Assim fomos informados numa “sessão de esclarecimento” improvisada (voluntária, e apressada pelas chefias) com a médica das OGMA e a responsável por Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho. Não se sabe ainda exactamente qual a causa da contaminação, mas aquilo de que há muita certeza, é de que não há perigo nenhum para a saúde e, claro, é para continuar a trabalhar, pois o lote contaminado já foi removido. Na verdade, no dia 22/3, uma semana depois dos primeiros casos, parte dos frascos de MEK foram de facto removidos da linha, mas apenas parte, para não afectar a produção! Como os recipientes não estão identificados, é impossível afirmar quais os frascos na linha contaminados, e quais os novos! Aconselhamos todos os trabalhadores a NAO MEXEREM NO MEK até todo o MEK contaminado ter sido removido.

A própria médica e responsável de HSST reconheceram que este produto, mesmo em condições normais, não deve ser manuseado sem luvas apropriadas. Mas a realidade é que existe um “plafond” orçamental gerido por monitores e supervisores, pelo qual são avaliados e do qual depende a sua participação dos lucros, no qual se incluem artigos consumíveis que vão desde a lixa, scotch brite e brocas, aos próprios equipamentos de protecçao individual como luvas, abafadores, óculos e máscaras! A consequência é que nalgumas semanas pura e simplesmente não há luvas apropriadas, e a pressão constante para cumprir as metas de produção faz com que se tenha tornado normal trabalhar sem elas, especialmente para quem está a contrato, e a renovação depende do cumprimento dessas metas! As poucas máscaras que existem filtram poeiras, e não os vapores do MEK, massas vedantes e tintas. Ora a maioria dos frascos de MEK estão danificados e estão constantemente a evaporar-se e contaminar o ar. Tudo isto é uma VERGONHA numa empresa que lucrou 11 MILHOES € em 2016!

Há muito que os técnicos de HSST e profissionais de saúde informaram a OGMA de que este produto é nocivo para a saúde e para o ambiente, e deve ser substituído por uma das várias alternativas existentes, mas estas são… mais caras! Mas que preço tem a nossa saúde? O MEK afecta o sistema nervoso central e pode ter efeitos nocivos a longo prazo. Por alguma razão, em empresas como a TAP ou a Embraer em Évora, não se usa MEK. Em outras secções das OGMA, também se utilizam sobretudo outros produtos. E nas próprias fábricas da Embraer no Brasil, NÃO SE USA MEK, mas sim um substituto mais saudável, o Rhodiasolv.

– Queremos um substituto para o MEK, já! A nossa saúde está primeiro que os vossos lucros!
– Os Equipamentos de proteção individual não podem ser geridos pelas chefias como os outros consumíveis. Devem ser distribuídos diariamente em quantidade e qualidade suficientes pela própria Higiene e Segurança no Trabalho, e ser contabilizados nas despesas gerais da OGMA com saúde, e não geridas e racionadas por cada secção.“

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