8m

Dia 8 de Março saímos à rua contra a violência machista

No dia 8 de março do ano passado, as mulheres marcharam, pararam de trabalhar e tomaram a rua em cinquenta países ao redor do mundo. Nos EUA, foram as protagonistas dos principais enfrentamentos contra Trump.

Nos últimos, a luta das mulheres tem-se expressado em grandes mobilizações por todo o mundo, seja na Índia contra as violações, seja na América Latina contra a violência através do movimento “ni una menos”, seja na Polónia com a greve das mulheres contra a proibição do aborto.

Mais recentemente, as campanhas #MeToo, #UsToo e #TimesUp, em que atrizes de Hollywood relataram casos de assédio sexual, suscitaram grande cobertura mediática, trazendo à praça pública aquilo que todas nós já sabíamos: o ambiente nas escolas, no trabalho, em casa, nas ruas etc, é quotidianamente marcado pela violência de género.

Estas campanhas vão além da denúncia de casos individuais de abuso e violação, denunciam também as instituições e estruturas que lhes têm dado cobertura.

Neste contexto, o dia 8 de março, do presente ano, pretende ser marcado por um chamado internacional para que as mulheres façam greve contra a violência de género, assim como contra as instituições e o sistema capitalista que não admite o seu efetivo combate.

 

Basta de impunidade aos agressores machistas

Em Portugal também é preciso manifestarmos e exigirmos mudanças reais nas nossas vidas pela nossa libertação e emancipação. As mulheres que mais sofrem com a violência machista são as que vivem em situações de grande precariedade, que todos os dias trabalham e recebem salários miseráveis e que não vêem possibilidades económicas de se libertar destas situações. As mulheres negras, imigrantes e LGBT apresentam números ainda mais elevados no que diz respeito a situações de precariedade e vulnerabilidade económica.

Perante isto, a nossa luta e o nosso combate à violência machista deve exigir ao Governo PS, apoiado pelo BE e PCP, que garanta um sistema judicial (juízes, polícia, psicólogos) que esteja preparado para receber as mulheres vítimas de violência e assédio. Tudo está em falta! Devemos exigir penas reais para os agressores e que as mulheres sejam colocadas em situações de segurança, afastadas dos agressores. É preciso acabar com a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Segundo dados do Eurostat, os homens ganham, em Portugal, em media mais 17,8% do que as mulheres. É preciso apoiar a maternidade, apoiar as mães que não têm possibilidades de pagar as mensalidades exorbitantes das creches privadas, criando uma rede nacional de creches públicas.

Perante todas estas exigências é possível que o Governo diga: “tenham calma”, “não há dinheiro”. Mas há dinheiro, porque na hora de salvar bancos, na hora de pagar a dívida pública criada por banqueiros, são injetados milhões do Estado – só em 2017 o Governo PS pagou 10 mil milhões de euros ao FMI e mais 7 mil milhões em juros da divida pública – dinheiro que é nosso, dos nossos impostos e dos nossos salários. Esse dinheiro tem que ser canalizado para devolver a dignidade às nossas vidas e para travar um combate real contra o machismo.

Anterior

A propósito das teses de C. Delphy: o esquecimento da reprodução social

Próximo

Mulheres refugiadas