Somos um grupo de trabalhadores que não se tem sentido representado pela forma como a Comissão de Trabalhadores (CT) tem gerido o conflito em curso na Autoeuropa.
Por entendermos que os trabalhadores precisam de discutir que rumo dar a esta situação decidimos fazer um abaixo-assinado para garantir que depois do referendo existisse um plenário ainda este ano de 2017.
Com a postura que a CT tem adotado, não tínhamos confiança que o fizessem por iniciativa própria. Não sendo nós irresponsáveis recolhemos assinaturas para um plenário e pretendemos levar ao mesmo um conjunto de propostas que passamos a apresentar. Considerando que:
1. A Administração da fábrica é a principal responsável pela situação em que nos encontramos, já que recebeu um investimento de 700 milhões de euros para a produção de um novo veículo e não preparou a fábrica e a rede de fornecedores para a mesma (o que se pode ver pelo andamento da produção na semana passada);
2. Perante a constatação da impossibilidade de produzir a quantidade de carros necessária, a Administração pretende prejudicar os trabalhadores para resolver o problema por ela criado;
3. Na Autoeuropa os trabalhadores têm sido sucessivamente prejudicados ao longo dos anos, apesar de serem os principais responsáveis pela qualidade do que se produz e pelo bom nome da empresa dentro do grupo Volkswagen;
4. O trabalho por turnos já é uma forma de organização do trabalho prejudicial à vida familiar e à saúde dos trabalhadores;
5. Segundo o contrato colectivo em vigor, a fábrica não tem permissão para impor laboração contínua e trabalho ao sábado à noite sem o consentimento dos trabalhadores;
6. Apesar de ter criado o problema, a Administração tem assumido uma postura de desrespeito pelos trabalhadores e pretende impor-nos o horário depois de nós o termos rejeitado;
7. Mesmo implicando uma cedência da parte dos trabalhadores e apesar de não sermos responsáveis por esta situação, já foram apresentados horários menos lesivos para a nossa saúde e vida familiar e que foram rejeitados pela empresa, como o turno de fim de semana;
8. O futuro com direitos na Autoeuropa só é possível de garantir com um investimento que capacite a fábrica para fazer a produção necessária de segunda a sexta-feira;
9. Perante tal aumento de produção e correspondente aumento de lucro para a empresa, os trabalhadores deveriam estar a negociar melhorias salariais e de condições de trabalho que os aproximassem às condições dos restantes trabalhadores do grupo, e não horários mais prejudiciais.
Propomos:
1. Um acordo com a vigência de um ano, depois do qual ficará automaticamente revogado (com excepção feita ao aumento salarial);
2. Que a Administração da Autoeuropa e o grupo Volkswagen se comprometam por escrito e com validade jurídica a investir na fábrica durante o próximo ano para permitir a produção necessária de segunda a sexta-feira;
3. A preparação de um turno de fim-de-semana de 12h ao sábado (0h às 12h) e 12h ao domingo (12h às 24h), que permita que as folgas não sejam rotativas, nem de apenas um dia;
4. Um aumento salarial digno: 6,5% em 2017/2018 e 6,5% em 2018/2019 com um mínimo de 50 euros por cada ano;
5. Que em todos os passos no processo de negociação com a Administração, a Comissão de Trabalhadores se apresente com um advogado;
6. A marcação de uma greve contra a imposição do AE17 e pela satisfação das reivindicações apresentadas nesta proposta para os dias 2 e 3 de Fevereiro (sexta e sábado da primeira semana na qual a Administração prevê iniciar a imposição);
7. Um plenário por cada turno para dia 17 de Janeiro de 2018 para avaliar o ponto de situação do conflito (caso seja dia de não produção, marcar para outro dia dessa semana ou antecipar para a semana anterior).