Esta semana decorre uma greve de 5 dias dos Enfermeiros. Esta classe profissional convocou uma greve prolongada (5 dias) em defesa da profissão e do serviço nacional de saúde. É reivindicada a criação da carreira de especialista, um vencimento adequado a estas funções, uma nova tabela salarial para toda a classe e a generalização do horário de 35 horas semanais.
Esta greve dos enfermeiros tem vislumbrado grandes obstáculos.
Começando pela atitude do actual Governo, através do seu Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que considerou a greve “ilegal, ilegítima e imoral”, mostrando abertamente qual a cara do Governo de António Costa no que respeita às lutas e aos direitos dos trabalhadores. Uma declaração inexplicável de um governo que vai dizendo que a retoma de direitos “não é para hoje”. Passando pelo próprio sindicato maioritário do sector, o SEP (CGTP), que assume como final a proposta do governo de não querer alterar a estrutura da carreira, que é algo que merece o total repúdio pois coloca-se à parte da luta da classe que é suposto defender1.
Neste dia, realiza-se a reunião entre Governo e o SEP, uma reunião completamente anacrónica, e da qual nada se espera, pois reúne duas das partes que se opuseram à luta dos enfermeiros sem terem qualquer intenção de escutar e atender às razões da luta dos enfermeiros.
Tanto BE como PCP emitiram declarações apoiando de alguma forma a greve dos Enfermeiros, mas o seu apoio surge de um modo insuficiente. Pois embora apoiem a greve dos enfermeiros, apoiam ao mesmo tempo um governo que não reforça o orçamento da Saúde, um governo que não contrata todos os precários, um governo que se recusa a aplicar as 35h de trabalho semanal para todos.
Há que dar todo o apoio a esta greve dos enfermeiros, pois só com trabalhadores motivados e satisfeitos nas suas funções podemos ter um SNS com qualidade. Os Enfermeiros devem continuar a resistir às calúnias do Ministro da Saúde da Geringonça e da comunicação social, levar a greve até ao fim, reforçando as manifestações de modo a serem ouvidos.
Só assim poderão ganhar e deste modo dar um exemplo ao país de que só lutando conquistaremos melhores condições de vida, não esperando apenas pelas migalhas que caem da mesa dos Orçamentos de Estado e que vão adiando sine die uma melhor saúde, mas também mais direitos para quem trabalha e não apenas umas pequenas melhorias face ao que foi deixado por PSD/CDS e a Troika.
BE e o PCP devem equacionar a aprovação do próximo OE do governo se este não ceder às reivindicações dos enfermeiros. As reivindicações são justas e nenhum governo, nos últimos 40 anos, as respeitou.
NOTA