A greve de ontem na Autoeuropa foi um sucesso, com uma grande adesão. A administração da empresa do grupo Volkswagen (VW) tentando desvalorizar fala numa adesão de 41,5%, mas o que é certo é que a produção parou completamente.
Nem um carro foi feito em Palmela. Houve até a adesão de muitos trabalhadores com vínculos precários, contrariando a tendência de que apenas os trabalhadores efetivos participam, mostrando que tudo é possível quando há união e solidariedade. Os operários e as operárias da Autoeuropa são gente de coragem. A importância desta histórica greve é facilmente verificada pela quantidade de ataques e tentativas de desmoralização e deslegitimação que os trabalhadores têm sofrido nos últimos dias. Toda a comunicação social em coro alerta para os 5 milhões de euros de prejuízos que estas 24h de greve causaram – números só provam que de facto os trabalhadores dão muito dinheiro a ganhar ao grupo VW todos os dias que vão trabalhar, durante todo o ano. Todos os trabalhadores do país devem olhar com esperança para a Autoeuropa. Lá se decide se na maior fábrica do país, que representa 1% do PIB nacional, os direitos de quem trabalha serão nivelados por baixo, ou se conseguimos resistir a esta ofensiva da multinacional alemã.
A greve da Autoeuropa coloca, para os seus trabalhadores, mas também para os trabalhadores do país, a necessidade de alterar o código de trabalho no seu artigo nº 232 que estipula os dias de descanso semanal obrigatório. Nós não confiamos no atual governo PS. O país tem uma história com governos PS e esta nunca foi boa. O BE e o PC que sustentam o governo de António Costa devem fazer valer a sua força parlamentar e exigir a revogação do código do trabalho (os artigos gravosos nesta matéria), ou seja, recuperar como dias de descanso semanal obrigatórios o Sábado e o Domingo. Impõe-se a recuperação de direitos laborais roubados.
O MAS apoiou desde o primeiro momento e teve presente na justa luta dos trabalhadores da Autoeuropa. Há que continuar a luta, é possível vencer. Há que obrigar o governo a fazer a administração da Autoeuropa ceder às reivindicações dos trabalhadores. BE e PCP devem apoiar abertamente a luta dos trabalhadores da Autoeuropa! Mas para isso ocorrer só a continuação da luta (com novos plenários e novas formas de luta) pode de facto vergar a administração e verdadeiramente alcançar as exigências dos trabalhadores.