A Autoeuropa tem marcada uma greve para o dia 30 de agosto. Tudo começou a propósito da chegada de um novo modelo (o SUV Volkswagen T-Roc) para produção na unidade fabril de Palmela.
Este modelo traz um acréscimo de produção e para atingir os números e prazos estipulados pela Volkswagen, a Autoeuropa terá que laborar durante seis dias por semana. Isto significa que os trabalhadores passam a ter que trabalhar obrigatoriamente ao sábado como se fosse um dia normal da semana. Perdendo as duas folgas (sábado e domingo) a que tinham direito.
Há algo que é importante referir: muitos dos novos trabalhadores da Autoeuropa para além de serem subcontratados por empresas de trabalho temporário (ETT), nomeadamente, a Autovision, não recebem a compensação extra por trabalhar ao sábado e nada garante que venham a receber. Estes e os trabalhadores das várias empresas que trabalham na zona que abastecem a Autoeuropa de componentes, sem os quais não se produziria carro algum, são os que têm os salários mais baixos e os direitos mais comprimidos. As condições que a Autoeuropa quer agora impor vem então degradar, ainda mais, os direitos e condições de vida de milhares de trabalhadores.
A administração juntamente com a Comissão de Trabalhadores (CT) foram negociando a retribuição/compensação ao novo horário contra a vontade dos trabalhadores que já se tinham expressado em plenários contra o horário. No entanto, a CT avançou na negociação e chegou a um acordo de princípio com a administração que previa um pagamento mensal 175 euros adicional ao previsto na lei, 25% de subsídio de turno e a atribuição de um dia adicional de férias.
Contudo, este acordo, no fim do mês de julho, foi chumbado pelos trabalhadores (75% de votos) pois não querem abdicar de perder as duas folgas (sábado e domingo) semanais que lhes permite estar junto das suas famílias.
Na sequência desta recusa ao pré-acordo entre a Administração e a CT, esta demitiu-se.
No entanto, os sindicatos mantiveram a greve para o dia 30 de agosto. O MAS saúda a luta dos trabalhadores da Autoeuropa e apelamos à CT que se junte aos sindicatos e trabalhadores. A luta contra o novo horário é justa. Os trabalhadores da Autoeuropa têm direito a passar tempo com as suas famílias, a não serem mais atacados na sua saúde de que já sofrem por trabalharem por turnos. O que está em causa não é a produção do novo modelo como tem argumentado a administração e infelizmente a própria CT. Na verdade, o que está em causa é a produção do novo modelo, com os lucros que a empresa pretende, sem investir em mais infraestruturas e contratações, e à custa do sábado de quem trabalha. Só mantendo a unidade e a combatividade é possível vencer a administração.
O Governo PS, bem como o BE e PCP que o apoiam, devem tomar posição neste conflito defendendo quem trabalha, pois se o Estado português tem servido para financiar, através de dinheiro público, muitos dos projetos da Autoeuropa também deve ter uma palavra na defesa dos direitos de quem trabalha. Não se admite que o Grupo Volkswagen que em 2016 teve mais de 5.000 milhões de lucros trate desta forma os seus trabalhadores.