Jerónimo de Sousa, secretário geral do PCP, declarou a propósito do roubo de Tancos, que o Estado não tinha falhado. Ou seja, ‘chuta’ a culpa para as chefias militares.
Declaro desde já que não tenho qualquer simpatia por ‘chefias militares’, comandantes e, muito menos, por generais sempre prontos a servirem a Nato e a política externa … norte-americana. Mas para Jerónimo e o PCP tudo o que acontece de ruim na política nacional ou é da responsabilidade dos ‘governos anteriores’ (da direita claro) ou, neste caso, das chefias militares.
Já para Catarina Martins, também a responsabilidade política do ocorrido em Tancos é da subserviência das chefias à Nato. O que sendo verdade oculta uma verdade maior: que essa opção dos generais e respectivas chefias, obedecem às opções políticas estratégicas dos sucessivos governos PSD/CDS e do … PS, incluindo o actual do PS e de António Costa.
É inacreditável quanto inaceitável, como o BE e PCP na cegueira de apoiarem um governo PS, escondem as responsabilidades políticas do actual governo (e suas porque o apoiam), bem como de todos os governos PS anteriores. Então os cortes nas forças armadas, nos salários da função pública, na educação, na saúde (fecho de maternidades, manutenção de taxas moderadoras exorbitantes, por exemplo), não resultaram das políticas dos governos da direita mas igualmente dos governos do PS e até do primeiro governo Sócrates, de que já naquela altura António Costa era o seu número dois, antes de se ‘orientar’ para a presidência da Câmara de Lisboa? Não somos todos governados há mais de 40 anos por governos PS e PSD/CDS e até por presidentes da República (que são os chefes supremos das forças armadas) quer “socialistas”, do PS ou da direita, do PSD, como Cavaco e Marcelo? Então caem pontes no país (Entre-os- Rios) onde morrem mais de 60 pessoas, autorizam-se durante décadas a destruição da nossa floresta para permitir a eucaliptização de quase todo o território nacional que provocam grandes ‘Pedrogão’ onde morrem mais 64 pessoas, assistem-se a roubos de paióis militares de “alta segurança “, onde os postos de vigia estão desertos e nenhum governo PS é culpado?
E pela boca de Jerónimo e de Catarina, o actual governo, coitado, também não tem culpa nenhuma. Que esquerda é esta que atrelada a uma geringonça viram coniventes com o regime e o sistema que tanto dizem combater? É certo que ninguém quer de volta, nem nos seus piores sonhos, o Passos Coelho e a direita, mas já chega de branquear e de apoiar a mesma política da direita agora pelas mãos de Costa e de um governo PS (falso e mal chamado “governo das esquerdas”). Torna-se urgente exigir ao BE e PC que retirem o apoio ao governo PS e lutem por um novo governo dos que se dizem contra a Nato, contra os cortes, pela restituição de rendimentos, pela saída do euro, etc. Ao BE e PC nós dizemos: passem das palavras (de “oposição” de vez em quando) aos actos e deixem de apoiar o governo do PS. Neste caminho urge construir uma esquerda alternativa pois nos últimos dias as declarações de Jerónimo e Catarina confirmaram, uma vez mais, que estes partidos da esquerda preferem encobrir o PS e o seu governo do que combatê-lo.
Gil Garcia